Eu Quero Que Você Ouça Angel Olsen

Representante de um som Pop retrô merece mais atenção por seu talento e criatividade em traduzir o amor jovem

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Dentro de algumas ondas que estão invadindo a música Pop nos últimos anos, uma das que mais me agradam é o som retrô praticado por nomes como Unknown Mortal Orchestra e Foxygen. A capacidade que essas bandas tem de criar boas canções, no sentido mais universal do termo, é impressionante, incorporando sem limites elementos como a Psicodelia, o Rock dos anos 60 e 70 com uma cara muito atual e uma produção mais sujinha que dá aquele aspecto mais aéreo às músicas.

Em mim, o efeito que elas tem é o de qualquer boa faixa Pop. Aquela emoção instantânea, melodia pegajosa, bons vocais e ao envolver tudo isso naquela aura retrô, tudo fica aparentemente mais hipnotizante, mais com cara de sonho, as músicas parecem grudar mais em nosso inconsciente do que outras. O grande nome deste ano para este “estilo” é Angel Olsen, que além de tudo, ainda consegue trazer uma delicadeza maior e tornar cada faixa ainda mais viciante.

Não por acaso, os três nomes aqui citados – e outro que citarei mais pra frente – fazem parte do selo Jagjaguwar, que tem um dos meus catálogos favoritos da atualidade. Ao mesmo tempo em que podemos dizer que todos estes nomes não são desconhecidos, sempre sinto que a minha empolgação com eles ultrapassa muito a do restante do público, principalmente o brasileiro, por isso optei por um tom tão pessoal no artigo, cabe a vocês saberem se concordam comigo ajudando a disseminar mais estas bandas para que surjam cada dia mais nomes como estes.

Mais do que UMO e Foxygen nos últimos anos, sinto que Angel Olsen ainda não recebeu o reconhecimento que merece. Seu disco, Burn Your Fire For No Witness, mistura todas as boas características dessa “onda retrô” e ainda acrescenta a delicadeza e influências Folk de nomes como Sharon Van Etten, a agressividade do Indie Rock – também com toques Folk – de Courtney Barnett e ainda a inteligência na hora de compor como Fiona Apple – não deixe de ouvir a belíssima e ambiciosa faixa White Fire. Isso só para citar alguns nomes contemporâneos que colhem dos mesmos frutos espalhados pela história da música que Angel Olsen.

Pra quem prefere ser convencido mais pela questão emocional do que por influências, a cantora do Missouri trata o amor de forma inteligente, sincera e principalmente, bem humorada, como em um de meus trechos preferidos na faixa Hi-Five “Are you lonely too?/ Are you lonely too?/ Hi-five, so am I”. Abordagem que talvez se comunique mais com um público jovem, ainda mais romântico e mais sonhador com o tema, mas como o clichê “o amor não tem idade” sempre é válido, deve encantar muita gente.

Para finalizar, vale destacar a voz de Angel Olsen, que às vezes fica um pouco escondida por trás da produção retrô incorporada em sua música. Por isso, uma das melhores maneiras de viciar de vez no som da garota é ouvi-la ao vivo. Eu pude assisti-la no SXSW deste ano, mas não deixe de vê-la na série Tiny Desk da rádio NPR (incorporada no início do texto).

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ARTISTA: Angel Olsen

Autor:

Nerd de música e fundador do Monkeybuzz.