FBC em outro planeta

O músico mineiro compartilha a intimidade do processo que o levou até seu quinto disco – uma jornada emocional de olhar para o outro e para si –, fala da influência transformadora das novas parcerias e aponta os planos para o futuro

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Fotos: Bel Gandolfo

“Odeio o mundo, odeio tudo, principalmente odeio a sua opinião”, canta FBC em “DILEMA DAS REDES”, uma das primeiras músicas escritas para o seu novo disco O AMOR, O PERDÃO E A TECNOLOGIA IRÃO NOS LEVAR PARA OUTRO PLANETA. Fabrício conta que a canção emergiu antes do estrondoso sucesso de Baile, lançado em novembro de 2021, que reverberou pelas caixas de som de todo o Brasil, restaurando a vivacidade musical após um prolongado período de pandemia.

“Se Tá Solteira” virou hit nas plataformas digitais, conquistou o apelo do TikTok, despontou nos charts e expandiu seus horizontes para além das fronteiras brasileiras. E, embora parecesse não haver mais espaço para tantos acontecimentos, foi dentro dessa agitação que FBC encontrou sentido e trouxe à tona reflexões pessoais. “Não que eu não goste das músicas, mas o que passou, passou, tá ligado? Eu quero experimentar outras coisas”, explica em entrevista ao Monkeybuzz.

Após pouco menos de dois anos, o quinto álbum de estúdio de FBC chega às plataformas digitais trazendo consigo uma autenticidade que lança luz sobre facetas do artista até então inexploradas. Com paisagens sonoras que nos transportam como viajantes espaciais que aterrissam em uma efervescente pista de dança, FBC pinta um mosaico de referências musicais, que levanta elementos de disco, house, funk e miami bass, em meio a arranjos que unem sutileza e imponência.

A construção dessa atmosfera contou com a colaboração dos produtores Pedro Senna e Ugo Ludovico, enquanto FBC mergulhava profundamente no acervo de entrevistas disponíveis de Jorge Ben Jor na internet, uma jornada que o aproximou intensamente do ícone da música brasileira e que ecoa em sua própria obra. “Encontrei ele e não saí mais”, aponta FBC, marcando o impacto dessa imersão inspiradora. O músico e poeta Di Melo também figura entre as influências notáveis do artista.

Na entrevista a seguir, FBC discorre sobre como o disco se tornou uma jornada emocional de olhar para o outro e para si, fala da influência transformadora das parcerias que construiu e aponta os planos para o futuro.

 

Como e quando surgiu a ideia de você montar um disco que remontasse a ordem cronológica da dance music?

A primeira ideia do álbum era contar a história da evolução da dance music através do beat. Eu fiz “QUÍMICO AMOR” e “O DILEMA DAS REDES” em abril de 2021, só que estava naquele processo de Baile, aquela loucura, e aí acho que fui encontrar os meninos [Ugo Ludovic e Pedro Senna] no final, começo de 2022, quando eles vieram para Belo Horizonte, porque eles são de Brasília. E aí aqui a gente decidiu. Nem tinha o nome do disco. Na verdade, eu queria que se chamasse Bubbles, essa coisa borbulhante, sei lá, espuma, coisas assim. Só que ali, fui fazendo as músicas e depois que entrou esse conceito de ser uma crise existencial, de alguém estar olhando pro céu. Mas desde o começo era contar a história da dance music em ordem cronológica, inserindo todos os elementos que dá pra identificar em “MADRUGADA MALDITA”, quatro instrumentos. E aí no meio vai evoluindo até chegar em “ATMOSFERA”, sabe? Mérito dos meninos que fizeram isso e me ensinaram bastante.

Aproveitando que você os mencionou… Você conta em algumas entrevistas que eles foram essenciais para você desenvolver a sua técnica e seu estilo de cantar, compor e de expressar dentro dessa sonoridade. Mas você fez alguma preparação vocal, estudo específico para esse disco? Como foi esse processo de construção entre vocês?

Nada! Fiz aula, não. O que eles me ensinaram nessa questão do canto era como aproveitar a minha respiração. Porque eu fumo, e a minha voz tem esse tom, que é o mais grave, né. E aí eles escolheram bem os timbres para que eu conseguisse cantar, sem que ficasse destoando, sabe? Que eu conseguisse cantar da forma mais tranquila os tons menores das músicas. Sempre ali, na linha entre o Lá Menor, Ré Menor, aquela coisa que é bem Jorge Ben, né? O alcance vocal dessas vozes com essas notas ajuda bastante, porque eu não consigo subir muito no agudo. Eu tô aqui, mas no grave. Então, eles me ajudaram a entender isso.

E quais foram os maiores desafios e conquistas que você sentiu durante esse processo de criação do disco?

Acho que foi começar a entender sobre a teoria da música, sabe? Estar ali com os meninos na produção. Porque os outros trabalhos, eram beatmakers, que faziam beats no computador, então, eu ficava vendo o VHOOR, e era aquela coisa no computador, no Mac, aquele tanto de comando que eu não entendo. Eu ficava “como os cara faz essa porra aí?”, e, não entendia nada. Com os meninos não – eles trouxeram baixo, guitarra, tem o meu teclado no estúdio e aí eu pude ver que despertou minha curiosidade em querer estudar piano, e hoje eu estudo. Acho que foi isso. E eu tava muito ansioso de como as pessoas iam ouvir a parada, porque o disco tem muito respiro e como eu vim do rap, que tem muita palavra, aí eu fiquei encabulado com isso. Falava para os caras: “Tem uns respiros, mas nesses respiros, a gente tem que colocar instrumento, porque as pessoas tem que ouvir instrumento”, sabe? Acho que a melhor coisa que aconteceu comigo foi entender a música. Hoje eu consigo ouvir a música de outras pessoas e chegar e falar assim: “Ah, tá em tal tom”, consigo entender o que o baixo está fazendo. Porque antes eu ouvia a música, aquela coisa tudo entregue e hoje, na minha cabeça, eu já consigo separar as coisas. E isso foi graças ao processo criativo, né, junto com os meninos, de desenvolver a música. Pensava “eu quero que nesse momento do álbum tenha uma música assim, um tema assim, tem que ter um tom desse jeito para eu cantar falando esse assunto”. Isso foi abrindo a minha cabeça, e hoje eu não consigo mais desvencilhar do instrumento. Pra mim, tem que ter instrumento sempre, agora tem que ter banda. Eu quero tocar.

E como você planeja fazer isso? Quais são os planos?

Com essa coisa de Baile, eu toquei muito em 2022 no Brasil. Teve uma vez que a gente tocou [no Canindé] quinta, sexta, sábado, foi tocar em outro lugar no domingo e na segunda voltou para tocar no mesmo lugar. Aí eu ficava tocando no mesmo lugar, tocava as mesmas músicas, aquela coisa engessada que é a música mecânica, sabe? Dar o play ali do DJ, e aquilo tava me incomodando muito porque eu não tinha liberdade, porque pô, é chato você ficar repetindo. Eu achava “Pô, os caras, Los Hermanos, esses pau no cu, por que eles não gostam das músicas deles?”, e hoje eu entendo. Não tem como. E eu queria tocar com banda, porque antes de ser MC, eu sou instrumentista. Tocava bateria na igreja, em banda de rock, então, eu sei o quanto tocar com banda, você pode ser livre. A liberdade que você tem com uma banda, pra subir, descer, se modular, tá ligado? Fala assim: “Hoje nós vamos tocar essa música nesse tom, com esse ritmo. Coloca aí baterista, faz aí, o baixo”. Com DJ eu não posso fazer isso, ou ele dá play ou não dá play. Aí eu fiquei o ano de 2022 todo fazendo show de Baile e falei: “Mano, quero agora, sei lá, sentir a música de novo, tá ligado?”. É difícil falar isso porque mexe com o afeto das pessoas sobre o trabalho, né. Mas é isso, é o que eu sinto. Não que eu não goste dos meus raps, não que eu não goste das músicas, mas o que passou, passou, tá ligado? Eu quero experimentar outras coisas. Quero conseguir ser mais desenvolto em cima do palco. Aí que veio essa ideia [de tocar com banda], falei com o meu produtor Rafael, “os caras tocam, vou fazer um álbum com eles, vai ter banda e outra, Baile estourado, charts no mundo a fora, e TikTok fazendo vídeo, aquele tanto de coisa, e aí eu ia ser convidado pra show pra cantar, contratado, show grande, mas sempre aquela coisinha: ‘Ai FBC vai tocar no palco Favela, ah, no Palco Sunset, um palquinho ali do lado, ali atrás’”. Eu nunca estava nos palcos principais, porque um DJ, um MC num palco gigante? Tá ligado? Era também minha necessidade ocupar esses lugares.

Com Baile, eu não consegui ocupar, porque é essa área, esse pessoal sempre trata a gente do rap como uma coisinha divertida, como se eu tivesse vendo um cachorrinho adestrado pulando, rolando. E aí eu me sentia muito incomodado com isso, porque é falta de respeito, falta de consideração, como se fosse fácil fazer um rap ou um miami [bass]. Eu sei o quanto é difícil fazer um arranjo, uma música, pá, mas vai lá escrever um Baile, vai lá fazer os beats do VHOOR, é difícil, mas fazer o que, quem vem do hip hop acontece isso. É assim. E não é só comigo, é com todos os outros/as MCs. E essas coisas de banda, além de eu querer sentir a música de novo, é ocupar esses lugares. Foi um ato de coragem. Tudo nesse álbum é um ato de coragem, eu querer cantar, só cantar, em vez de ficar rimando, eu querer ser simples e minimalista nas letras, sem coisas que as pessoas precisassem pesquisar referências ou ficar filosofando sempre, ah, metáforas, essas coisas do rap, sabe? Sem isso.

Eu queria só ser simples e falar o que eu tô sentindo. Porque das outras vezes, nos meus outros álbuns, era sempre uma coisa assim: eu competindo com o mercado e trazendo um trabalho com coisas que eu achava que precisavam ser ditas. Eu preciso falar que sim é sim, não é não. Eu preciso falar sobre a real da vida. E nesse não, falei: “Que se foda, não preciso falar porra nenhuma. Vou falar o que eu estou sentindo” e foi isso. Tá todo mundo antissocial pra todo mundo, com dor nos olhos, dor nas costas, todo mundo com a cara no celular, sabe? Não preciso fazer uma metáfora ou uma analogia, não, é só dizer o que tá sentindo. E foi isso.

“Não que eu não goste dos meus raps, mas o que passou… Passou. Eu quero experimentar outras coisas”

Aproveitando, o que você acredita que diferencia esse álbum de outros lançamentos musicais atuais, e como você espera que ele impacte a cena musical brasileira?

Pergunta difícil. Falei muito com Pedro Senna e Ludovico, quando eu tava escrevendo “O QUE TE FAZ IR PARA OUTRO PLANETA?”, os caras falaram assim: “FBC, não sei, vamos fazer outra música? Acho que essa não é isso. Não é comercial”. É que os caras estavam querendo que eu fizesse tipo “Se está solteira, vamo ficar de casal”, tipo, vamos bombar no TikTok? E não era isso. Deus me livre, eu tava correndo disso. Falei: “mano, as músicas vão ter, no mínimo, três minutos ou três minutos pra cima”, sabe? “Se tá Solteira”, a minha música que mais toca, ela tem um minuto e 58 segundos e isso era uma coisa que eu me sentia muito envergonhado, sabe? De chegar em um show, e aí ver lá os músicos, e eu estar ali com uma música de um minuto e 58 e fazendo aquilo tudo. Eu escrevi tanto e fui estourar com “Se Tá Solteira, vamos ficar de casal”, cara? Isso mexeu muito com a minha cabeça, tá ligado? E aí eu falei “não, mano, vai ser do jeito que eu quero e não tô nem aí”. E os cara: “melhor não…” Falei assim: “vocês tem que entender uma coisa: não é o beat, não são vocês, nem é o público, a questão é que sou eu fazendo”. House tem aí, funk, rap. A questão é que a minha característica, a minha personalidade, o meu jeito de fazer, é o que torna a parada interessante. Então, quando eu fiz rap, trap, PADRIM, eu fiz um álbum de trap querendo competir com a galera, só que eu ficava assim: “Por que eu não ganho playlist? Por que eu não tô nisso, não to naquilo?”. Mas era o trap que não era o trap, era diferente de tudo que tava lá e sempre foi assim, entendeu? Eu acredito que o que faz as pessoas falarem assim: “nossa, que trampo diferente”, acho que é mais pelo meu jeito de fazer, cantar, as escolhas das palavras. Procurei por palavras que fossem direto ao ponto, tá ligado? E desde a construção completa da poesia: se começa com vogal, se começa com consoante, com qual consoante começa… Porque tem as consoantes que fecham a boca, a bá, o lábio encosta um no outro, tem as abertas… Tudo isso eu tava pensando. Acho que é isso que deixa a parada FBC, FBCzice. Mas as pessoas, a maioria, eu sinto que fazem pra competir no mercado, eu fiz o caminho contrário. Todo mundo vai querer ver Baile. Não vou parar de fazer show, mas se eu continuar pequeno desse jeito, se eu não crescer, se eu não deixar a parada grande, não vou entrar nesses palcos, não vou entrar no palco principal de um festival, aí eu fiz isso. Não foi pra competir, para estar no Spotify. A minha competição, você entende, né?

Sim, claro.

Do mercado. É querer ocupar esses espaços…

Físicos, principalmente.

Isso. Antes de lançar o álbum, eu já tinha 700 mil ouvintes mensais. Eu já tenho o meu público. Então, eu poderia ficar no meu conforto, lançar outro, as pessoas iam gostar, talvez ia fazer mais sucesso, mas eu ia me sentir bem? Eu ia estar feliz? Não ia, então que se foda o que as outras pessoas acham, o que as outras pessoas querem ouvir, tá ligado? Eu não faço música para os outros. Faço música para mim. Essa é a arte, é a sua interpretação, o jeito externaliza pro mundo, o seu ponto de vista é a sua interpretação baseada na sua experiência. Para eu lançar uma música, primeiro eu tenho que gostar de ouvir, então, faço música pra mim. E daí, é um ato de generosidade você compartilhar isso com as pessoas. Seu medo, seus defeitos, aquilo que você tem vergonha, porque o álbum fala de vergonhas. Fala da crise existencial e como a gente lida com as nossas vergonhas, aí volto à sua pergunta. Vamos voltar no tempo e pensar em Baile, em 2021, quem ia acreditar que um álbum de miami bass, uma coisa datada, que já passou, faria tanto sucesso? Tava concorrendo com quem? Não tinha nem playlist para isso. Agora, 2023, voltamos. Tô concorrendo com quem? Qual mercado? Qual festa de house? Nem sei onde toca. Fui à Europa, ouvi, gostei, e falei: ‘vou fazer isso’. Antes, quando eu ficava tentando disputar mercado, eu só tomava no cu. Fiz S.C.A, trap, para disputar mercado, fiz PADRIM para disputar com as coisas que estavam acontecendo. Só depois do PADRIM, falei: “quer saber, vou fazer só o que eu quero agora”. E depois que eu comecei a fazer a minha vontade, as coisas deram certo. E acho que essa é a diferença para os outros lançamentos, máximo respeito pra todos, mas acho que a diferença é essa e as pessoas conseguem entender isso. Vai de contra do mercado, vão abrir o Spotify e só o FBC vai estar fazendo isso.

“Tudo nesse álbum é um ato de coragem: eu querer cantar em vez de rimar; ser simples e minimalista. Sem coisas que as pessoas precisassem pesquisar referências ou ficar filosofando sempre. Metáforas e essas coisas do rap, sabe? Sem isso”

Dentro dessa reflexão, existe um momento significativo que você espera que as pessoas encontrem dentro do disco?

A grande mensagem de se entender como ser humano e perceber o outro. O lance de falar sobre as redes e a internet. Eu sempre falo isso: sou casado com a Michelle, minha esposa, há 15 anos, quando a gente começou a namorar, morar junto, eu ia trabalhar e eu só ia vê-la a noite e aí eu chegava e perguntava: ‘como foi seu dia, o que você comeu?’. Hoje, eu saio de casa, acabei de beijar ela, e ligo do carro. E essa coisa vai deixando a gente ansioso. Esse álbum tem muita coisa. Fiquei dois anos pensando todos os dias na construção de cada detalhe para que não fosse um que as pessoas falassem: ‘essa aqui é a minha preferida’, vai lá e faz uma playlist. Eu fiz uma coisa que as pessoas vão sentir necessidade de ouvir a obra. Não vai ser completo se ela só ouvir uma. Se ela ouvir uma, ela vai querer ouvir. Você não vai começar um filme pela metade, entendeu? Você embarca na primeira…

E vai embora… [risos].

Isso. Tem coisa que só explicando, né. Sabe o filme Ad Astra? É assim, né, um cara que foi lá pra Netuno, Urano, sei lá, lá longe, explorar o universo pra resolver um problema catastrófico na terra. Essa crise existencial, que o cara vai falando, essa coisa de ser metódico, pragmático, essa coisa que a gente tenta se enquadrar na rede social. Sempre estar bem aparentado, bem disposto, capaz. Só que a vida não é assim, né? E aí a gente entra nessa crise. Beleza, voltando no Ad Astra: o cara foi atrás de outro planeta, outro tipo de vida inteligente no espaço, não achou nada e o filho dele foi lá para falar com ele assim “pai, você abandonou a gente, você viveu a sua vida em busca de vida, em busca de coisas. Só que você nunca entendeu que a vida sempre esteve aqui, na Terra, o único lugar que existe vida. Tudo que você viveu, conheceu, tudo que existiu, tá aqui”, sabe? É essa é a ideia do OUTRO PLANETA, tá ligado? Eu termino em “O NOSSO GRANDE PAPEL”, que é reconhecer os seus erros, entender que agora você está atento, você sabe. Sabe essa coisa de se tornar adulto e pensar: Onde é que eu estava esse tempo todo? De repente 30. E aí você olha assim: “caralho”. A minha vida começou agora. Agora que eu tô aqui. E aí chega nesse entendimento, a pessoa está ali, ciente do que ela é, de onde ela está, e ela entende que faz parte do outro e ela tem que compartilhar a vida com o outro, da mesma forma que o outro compartilha da vida dele com você também.

O AMOR, O PERDÃO E A TECNOLOGIA NOS LEVARÃO PARA OUTRO PLANETA – o outro planeta é esse mesmo planeta, é aqui, é agora. E se a gente acreditar nisso a gente vai conseguir chegar nesse planeta, onde a base é o amor, o perdão e a ciência, sabe? O entendimento. ‘Ah, Fabrício, a exploração espacial é muito importante’, não é isso que eu tô falando. Não tô criticando o bilionário que quer mandar alguém pra Marte. Eu tô falando de nós, do tanto que a gente fica buscando entendimento em outras coisas, quando é só olhar para dentro, olhar para o lado, perceber o outro. Fala de tecnologia? Fala, mas é sempre sobre relação.

“O outro planeta é esse mesmo. É aqui, é agora. E se a gente acreditar nisso, a gente consegue chegar nesse planeta, onde a base é o amor, o perdão, a ciência e o entendimento”

Você faz análise? Como é encarar esse processo de autodescoberta?

Eu fiz, tenho até que voltar, fazia quinta-feira, mas quinta-feira é dia de ensaio, agora minha vida tá uma loucura. Tô tentando respirar um pouco. Eu tinha certeza que eu gosto do disco. Virar para mim e falar “é o melhor trampo” – para mim, é. Eu tô na capa, nunca tive autoestima pra aparecer em uma capa, tá ligado? Hoje eu consigo gostar de mim, me olhar na capa, entendeu? Então, é a minha melhor fase, a minha melhor versão, mas não sabia que ia ser isso, que as pessoas iam se identificar tanto, porque o meu público é do rap, eles estão acostumados com informação, muita palavra e aquele tanto de coisa. Mas, meu Deus, para o mundo que eu quero descer. Quero fazer um som pra relaxar, para mim, o house é tão gostosinho. E a proposta do house não é uma letra quilométrica. Eu tava com muito medo disso, das pessoas não entenderem a proposta. Mas a melhor forma de eu continuar presente na música é sendo eu mesmo – e não vou ter medo de ser eu mesmo, não vou ter medo de falar o que eu sinto e esse álbum foi isso, sabe? As pessoas escutam, olham pra mim, conhecem e falam: “É o FBC”. Pronto. Acabou.

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ARTISTA: FBC