Jay Som, Woodkid, Vivian Kuczynski e mais…

As melhores trilhas dos desfiles da Louis Vuitton, Indie Rock dos anos 1980 e a estreia de uma curitibana de, sim, 16 anos no Monkeyloop desta semana

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Fotos: Arte: Solo.etc

PARA OUVIR

Woodkid – Louis Vuitton Works One

Minha indicação engloba minhas duas maiores paixões: música e moda. Trata-se do compacto lançado pelo francês Yoann Lemoine (a.k.a. Woodkid) em parceria com a Louis Vuitton (dirigida pelo estilista – também francês – Nicolas Ghesquière). É um compilado das trilhas sonoras mais interessantes que ele desenvolveu para maison. Saiu em maio deste ano, não é a coisa mais quente da vez, mas senti que não se deu tanta bola na época quanto o trabalho merecia. É uma mistura épica que vai de beats eletrônicos profundos até uma orquestra sinfônica em seu total esplendor. Isso sem contar com as participações geniais de Moses Sumney e da atriz Jennifer Connelly. Esta última, na faixa “On Then And Now” – trilha do belíssimo Cruise 2019 da etiqueta – faz um lindo spoken word salpicando leituras de diferentes trechos do livro autobiográfico da ex-editora de moda da Vogue América, Grace Coddington. Chic. (Pedro João)

Jay Som – Anak Ko 

“Anak Ko” significa “meu filho” no dialeto Tagalo da República das Filipinas. É esse o sentido que Melina Duterte, voz por trás do projeto Jay Som, quis adotar como título de seu álbum. Ela foi a única produtora e compositora do LP e fica evidente o cuidado nas melodias e carinho nos versos, que falam sobre um novo amor, sobriedade e crises da vida. Dois anos depois do lançamento de Everybody Works (2017), ela segue com a mesma essência do Indie Rock dos anos 1980 e 1990, só que com um plus de outras texturas de guitarras e de sintetizadores. Jay Som mostra um disco que é a sua cara, como se fosse seu filho. (Ana Laura Pádua)

Vivian Kuczynski Ictus

Em seu primeiro álbum, a curitibana propõe uma grande imersão sonora. Entre ambientações graves, timbres refinados e batidas secas, Vivian apresenta um vocal muito característico para cantar sobre sensações pertinentes ao jovem contemporâneo (a artista, vale dizer, tem 16 anos). Começando em “Brasil” e terminando em “Home”, o disco parece construir seu argumento de pertencimento no local em que seu eu-lírico habita, assim como em sua própria pele (“Carne”, “Dói” e a faixa-título dão essa ideia). Atual e denso, Ictus é comunica com clareza: ainda veremos (e ouviremos) muito o nome Vivian Kuczynski por aí. (André Felipe de Medeiros)

BADBADNOTGOOD – III

Primeiro disco de longo alcance do grupo canadense, o terceiro trabalho do BADBADNOTGOOD expandiu seu som para novos ouvintes e trouxe, de certa maneira, o Jazz mais perto do universo Indie. No entanto, reduzir III de Jazz é incabível – mesmo que o gênero dê as caras na obra, o universo instrumental abordado é muito maior do que essa classificação. “Can’t Leave the Night” é Post-Rock e Eletrônico em sua lógica de loop; “Kaleidoscope” bebe da música negra norte-americana e traz momentos que poderiam estar em algum disco do Fundakelic; “CS60” é trilha-sonora de filme de suspense noir até se tornar uma batida de Hip Hop. O ritmo, aliás, talvez seja o elo que o aproximou de ouvintes mais jovens – provavelmente mais acostumados com o Jazz Rap dos anos 1990 de De La Soul e Wu-Tang Clan que propriamente os sons de Miles Davis ou Charles Mingus. A expansão sônica nesse disco, tangenciando diversas fronteiras e antecipando a cultura das playlists com seus diversos moods, foi certamente o carro chefe que fez os olhos de diversos produtores vislumbrarem uma colaboração com os canadenses. Não é a toa que, após III, uma série de parcerias, features e produções com BADBADNOTGOOD começaram a se tornar cada vez mais comuns. Outro detalhe interessante aqui: este é o último trabalho antes da entrada do Sax Barítono de Leland Whitty como membro da banda – aqui ele “apenas” participa na linda “Confessions”. (Gabriel Rolim)

PARA VER E OUVIR

Madison McFerrin – “TRY”

Meno Tody – “Bailão”

Young Thug – Surf ft. Gunna

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