Sunni Colon, Annoxl, Kamaal Williams e mais…

Deixar a tristeza no Jazz com o Monkeyloop desta semana

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Sunni Colon – Satin Psicodelic

Satin Psicodelic é um disco que faz todo o sentido em tempos de algoritmos digitais. Repletos de referências e ideias convergentes, ele apareceu para mim quando eu menos esperava via Youtube. Ensolarado sem ser tropical, um tipo de calor particular dos Estados Unidos e de sua Costa Oeste como um todo, é o tipo de música que ecoa com projetos de rejuvenescimento da música negra norte-americana como The Internet e Toro Y Moi – tem beats, versos e guitarras que poderiam tocar em lojas espalhadas pela região. No entanto, tanto elementos “comuns” fazem desse disco de Sunni Colon uma escolha imediata quando se busca escapar da realidade e mostra corpo suficiente para se justificar como um artista independente das referencias algorítmicas que vem, ou a nossa cabeça ou a de um sistema de streaming. Seu álbum visual acompanha o disco perfeitamente e mostra as facetas de um registro que se mostra pensado para chegar ao mercado independente com potência e sensibilidade. O tipo de música para se sentir bem em tempos sem tanto bem-estar. (Gabriel Rolim)

Annoxl – Summer Affair

O “XL” no nome não mente: O músico norte-americano busca dimensões nada discretas para as faixas do EP Summer Affair. Ao contrário do que ele apresentou em seu disco anterior (Teen Angst, 2018), o tema aqui não é a busca por se satisfazer em um relacionamento amoroso. Seguindo a máxima “só vão te amar se você se amar primeiro”, Annonxl canta sobre querer amar alguém (“Drought”), perceber não estar pronto para se relacionar (“Berries & Champagne”) e também se descobrir uma pessoa que merece mais do que já teve (“Into Me”). Tudo isso vem com grande instrumentação e sons bastante volumosos, transitando entre vertentes do R&B e Soul mais contemporâneos, lembrando um pouco The Weeknd aqui e Frank Ocean ali. (André Felipe de Medeiros)

Brazil USA 70 – Brazilian Music in The USA In The 1970s

Brazilian Music in The USA In The 1970s é o título descritivo perfeito para esta nova compilação de sons de músicos brasileiros gravados nos Estados Unidos durante as décadas de 1960 e 1980, estimulados pela ditadura militar que ocorria por aqui no período. Girando muito em torno do Jazz, do Soul e passando inevitavelmente por alguns clichês para gringo ouvir, a coletânea reúne nomes como Milton Nascimento, Airto Moreira, Sergio Mendes em colaborações com o que havia de mais pulsante na música norte-americana no período, incluindo Miles Davis, Wayne Shorter e Herbie Hancock. O disco representa um resgate de uma identidade brasileira que às vezes pode soar caricata, mas passa por picos de genialidade que compensam. Destaque para a belíssima “Samba de Flora”, do percussionista Airto Moreira, cantada em espanhol pelo próprio.

Kamaal Williams – The Return

Após a dissolução do duo Yussef Kamaal, o tecladista, arranjador e produtor Kamaal Williams se lançou em carreira solo, rendendo um dos projetos de Jazz mais interessantes de 2018. The Return marca uma nova investida do músico nas experimentações jazzísticas, trazendo também elementos do Funk e do Fusion, presentes em trabalhos de seus contemporâneos (nomes como Kamasi Washington, Terrace Martin e Thundercat), porém, trabalhados aqui de forma bastante particular. O caleidoscópico registro sobe ainda nos ombros de gigantes como Herbie Hancock e alguns dos poderosos nomes do R&B dos anos 1970, como Stevie Wonder e Curtis Mayfield.

 

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