Sabe aquele disco lançado há algum tempo que você carrega sempre com você em iPod, playlist e coração, mas ninguém mais parece falar sobre ele? A equipe Monkeybuzz coleciona álbuns assim e decidiu tirar cada um deles de seu baú pessoal e trazê-los à luz do dia. Toda semana, damos uma dica de obra que pode não ser nova, mas nunca ficará velha.
Kings Of Leon – Aha Shake Heartbreak (2004)
Em diversas ocasiões, como no seu último show no Brasil, já tive a oportunidade de compartilhar por aqui como gosto de Kings Of Leon. Entendo toda a crítica mais recente ao trabalho dos caras, concordo com quase tudo que é dito – desde que não seja uma crítica à voz do Caleb, por que aí é demais -, mas mesmo assim não deixo de curtir muita coisa que os caras fazem. É um som que não me ofende, pode não ser original, Pop pra caramba, mas sempre me empolga.
Agora, com os esclarecimentos prévios já feitos, vou relembrar Aha Shake Heartbreak, segundo disco deles e meu preferido, principalmente por ser o mais recente no momento em que conheci a banda, mas também por ser uma coletânea das melhores faixas e conter um pouco de cada uma das coisas que me encantaram neles em primeiro lugar.
Eu era garoto quando fui à edição do Tim Festival que trouxe The Strokes ao Brasil. Fui por causa da banda principal, mas quem acabou me encantando mesmo foram estes garotos de Nashville, com um Rock bem divertido, empolgante, um vocalista diferente de tudo o que eu tinha ouvido até o momento e a partir daí, viciei em Kings Of Leon. A sensação era de que aquela era a minha banda, a que eu tinha descoberto sozinho, diferente do grupo de Julian Casablancas, que eu também era muito fã, me influenciou demais, mas que eu ouvia por influência de outros e pela fama imensa que já tinha na época – depois eu me daria conta de que também rolou Arcade Fire naquele dia, mas na idade que eu tinha, quem ligava?
Acho que o que mais me impressionou foi o resultado da mistura das guitarras, do baixo e da voz de Caleb num Rock que não empolga pela atitude, nem pela agressividade e sim pela “levada”, é um som que te causa uma reação física, dá vontade de dançar, de cantar junto, dá vontade fazer air guitar e de ouvir aquilo por muito tempo. Sinto que essa característica é uma herança enorme da influência que a música Country tem neles e que até hoje continua viva, mesmo nos hits mais recentes.
Além de sucessos clássicos, alguns deles lembrados nos shows até hoje, como King Of The Rodeo, Taper Jean Girl e The Bucket, o disco guardava momentos preciosos como o finalzinho de Slow Night, So Long – não deixem de ver o vídeo deles com Ediie Vedder aqui em cima – “Rise and shine all you gold digging mothers / Are you too good to tango with the poor, poor boys” ou a emocionante Milk – trilha de encerramento de um curta que fiz na faculdade -, que quebra completamente a expectativa do que vínhamos ouvindo até o momento e mostra uma nova cara pra banda e um novo tipo de arrepio causado pela voz de Caleb.
Pra quem ainda curte aquela urgência e agressividade do Rock, impossível não se empolgar com Four Kicks – meu toque de celular por alguns anos – e seu refrão “You with your switchblade posse / I’ll get my guns from the south / We’ll take to the yard like a cock fight / Four kicks who’s strutting now?”.
Aha Shake Your Heartbreak me transporta para uma época mais inocente de descoberta musical, um pouco antes do momento adolescente em que ouvia as coisas para parecer “descolado” e muito antes do momento em que passei a ser mais crítico ao ouvir música, principalmente trabalhando com isso. Fica a torcida para que a banda se esqueça um pouco menos deste disco durante o Circuito Banco do Brasil do que eles vem fazendo em suas últimas apresentações, caso contrário, fico com a memória daquele show que daqui a pouco completará dez anos e que esteve bastante presente comigo durante este tempo.
