Quatro Músicas Recentes pra Ouvir a Letra

Esta seleção de faixas nos lembra que precisamos ficar atentos aos versos

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O Monkeybuzz começou o ano propondo que as pessoas prestassem mais atenção nas letras de música. Agora que 2014 se encaminha para a reta final (é, amigo, já estamos em outubro, não dá pra fugir), é hora de tocarmos novamente no assunto e perguntar: Você reparou quantas músicas boas tivemos nos últimos meses?

Pra te ajudar a perceber cada vez mais a lírica que acompanha as faixas, separamos quatro canções com instrumental caprichado, mas que não seriam nada sem suas letras, cada um por seu motivo.

Café Preto

“Você sabe, se deu palavra é pra honrar. Você sabe que a coisa assim vai desandar. Não há quem ‘guente, já cansei de desculpar, já não dá mais pra te esperar”

A primeira música que Holger mostrou de seu álbum homônimo reuniu algumas das melhores características da banda na percussão, guitarras etc. Indo além, ela surpreendeu com uma letra simples, mas sempre muito sensível, toda construída sobre palavras e frases comuns, mas de uma beleza interessante quando juntas.

Ela usa a repetição e o coloquialismo pra reforçar a mensagem de alguém que sente falta do relacionamento passado no cotidiano.

Holger – Café Preto

Ortopedia

”Se a saudade insiste em bater na porta da canção com a boca cheia dos clichês, deixe-se saudar, deixe-se saudade”

Limbo é um disco de poesia or todos os cantos, mas Ortopedia capricha em cantar sobre aquele sentimento tão próprio da língua portuguesa utilizando-a muito bem.

Com três momentos líricos muito definidos, Rua passa por figuras de linguagem inusitadas (“O afeto é a cola da memória, o sentido é um cavalo arisco”) com alguns dos tais clichês e uma conclusão quase falada: “As canções de amor esvaziam o amor”. De tão simples as palavras, alguns podem até deixar de lado a interpretação. Não cometa esse erro, sujeite-se ao subjetivismo.

Rua – Ortopedia

Baile da Pesada

”É que eu não me esqueço o que fizeram no passado e quem sabe de onde veio não pega o caminho errado. Enquanto você dança, eu conto essa história, te faço balançar, refresco sua memória”

Não é só de saudades e dores que a poesia se faz. A metalinguagem é um recurso frequente na música, principalmente na pegada de Charlie e os Marretas, que trabalha dentro de um estilo tão específico.

Esse é o teor de todo o disco autointitulado da banda, mas essa música traz rimas bacaninhas e um discurso longo e bem humorado com várias referências à história do Funk no Brasil. Com tanto conteúdo, o equilíbrio vem em um refrão que consiste apenas da palavra “baile” em repetição. Está permitido.

Charlie e os Marretas – Baile Da Pesada

Desaparecido

”O desespero doentio de quem não sabe enfrentar o vazio”

Quero ver alguém encontrar uma música mais surpreendente que esta que O Terno escolheu para fechar seu segundo álbum. Os arranjos são muito bons e os três músicos executam a faixa sem falha, seja no disco ou ao vivo, mas não tem como negar que grande parte da alma da composição reside na letra.

Trata-se de uma narrativa que relata uma história difícil e lúdica de um garoto de 20 anos que tem uma reviravolta em sua vida e em sua própria identidade. À medida que a música progride, fica claro que o centro da problemática não está no garoto em si, o que ruma a uma conclusão de dar um nó no estômago de qualquer um.

O Terno – Desaparecido

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Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.