Sabe aquele disco lançado há algum tempo que você carrega sempre com você em iPod, playlist e coração, mas ninguém mais parece falar sobre ele? A equipe Monkeybuzz coleciona álbuns assim e decidiu tirar cada um deles de seu baú pessoal e trazê-los à luz do dia. Toda semana, damos uma dica de obra que pode não ser nova, mas nunca ficará velha.
Dive
Ouvir Tycho é uma experiência à parte. Logo no primeiro contato com o artista, o ouvinte se coloca em um ambiente diferente em que música e imagem convergem em um só produto: o imaginário, fundamental quando ouvimos suas criações, ganha cores, texturas e paisagens únicas. Isso acontece porque o produtor Scott Hensen – cabeça por trás do projeto – é também designer e fotógrafo, e comanda um blog focado em design, o ISO50.
Em entrevistas, ele já afirmou que pensa sempre na imagem que uma composição tem e que isso vem naturalmente em seus trabalhos. A sinestesia que sua música proporciona ao misturar diferentes sentidos, gostos e sabores mostrou-se o elemento chave de seu primeiro sucesso estrondoso, Dive(2011), seu terceiro disco. Com quase uma hora de Chillwave, músicas ambientes e uma pegada Post-Rock misturada a Eletrônica, é irrestível tanto por sua apresentação quanto por sua levada sincronizada e extremamente atmosférica – do começo ao fim, sabemos que estamos diante de uma obra coesa e que fala por si só, ainda que abra diversas interpretações por parte do ouvinte.
A capa do trabalho, feita por Scott, nos convida logo de cara a mergulhar em águas límpidas e dar uma volta por esse ambiente cristalino construido a partir de acordes sensiveis. A Walk, faixa de abertura, poderia sintetizar esse convite ao baixar o tempo musical que estamos acostumados, assim como o volume para abraçar que precisa de calma no dia a dia. Tente ouvir esse disco em momentos de extrema concentração, como no trabalho, ou em outros de relaxamento, como a volta para casa em um ônibus, para que tudo flua bem e faça sentido. Essa levada nada angustiante se mantém do começo ao fim e mostra o porquê do artista ser tão elogiado mundo afora e ter muitos fãs no Brasil.
Suas construções cheias de texturas tem algumas influências do Hip Hop em Epigram, enquanto todo o resto é lisergia e muita viagem em trilhas-sonoras imaginárias prontas, que parecem ser incorporadas à sua vida através de uma bateria orgânica, sintetizadores oníricos e um baixo que gruda tudo isso perfeitamente. Ascension, Hours, Elegy e Melanie parecem se comunicar com o nosso inconsciente de uma forma muito poderosa e funcionam como válvula de escape para o caos e a correria diária. No entanto, a faixa título Dive, em toda a sua duração épica, parece ser o momento que melhora expressa a sonoridade de Tycho: paz e desprendimento para poder se jogar nesse mundo ou mergulhar em seus sonhos.
Scott Hensen se apresentará em show único no país no próximo dia 28 de Maio em São Paulo em um evento feito pelo Monkeybuzz e a Balaclava Records, com alguns poucos ingressos disponíveis. Acompanhado de uma banda e de projeções que respiram toda a sua multidisciplinariedade artística, o produtor promete fazer um concerto único e extremamente espiritual para um público que o espera há muito tempo. Se você ainda o desconhece, não perca seu tempo e comece logo pelo seu melhor disco, Dive. Apenas tenha em mente que você terá grandes chances de se viciar e esquecer tudo o seu redor ao ouvir sua sonoridade particular e tranquilizante.
