Damien Jurado: “Todo disco é uma trilha sonora”

Músico comentou por telefone sobre o álbum “Visions of Us on the Land”

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“Acredite se quiser, minha música é superficial”, disse Damien Jurado ao Monkeybuzz por telefone poucos dias após a publicação da crítica de seu mais recente disco, Visions of Us on the Land, mais um trabalho de beleza quase injusta em relação a tantos outros lançamentos que batem às nossas portas semanalmente. Essa superficialidade, segundo ele, vem de uma percepção mais imediata de suas composições, “você não precisa cavar tanto para chegar no coração delas”.

A afirmação pode chocar alguns que se aventuram a mergulhar no seu trabalho, de uma profundidade sonora cujos rótulos fáceis não são suficientes para descrevê-la (assim como toda boa música de hoje, sejamos francos). Algo a ser notado é que Visions, seu 13º álbum de estúdio, chega como terceira e última parte de uma trilogia iniciada em Maraqopa e que passa pelo igualmente belo Brothers and Sisters of the Eternal Sun. Juntas, as obras contam uma história sobre vida, morte e espiritualidade.

“São trilhas sonoras”, comenta ele, “mas acho que todo disco é uma trilha sonora”. Ele continua dizendo que gosta de ver os álbuns como um todo, “com momentos mais dramáticos em alguns lugares” que dão corpo à narrativa. “Sei que não sou eu quem escolhe como o ouvinte aprecia a música, mas, por mim, ouviriam como uma história”.

Como um verdadeiro “homem da Renascença”, o norte-americano não se contenta com a música e aventura-se também nas artes plásticas, com as quais comenta ter uma “conexão maior”. “Eu sou um pouco distante da música, mas é na pintura que eu tenho uma ligação emocional mais forte”. Isso explica também porque Jurado prefere cantar sobre histórias fictícias, ao invés de tantos outros ditos singer-songwriters que versam sobre suas intimidades.

Com mais de vinte anos de carreira, ele comenta que é mais difícil gravar um disco hoje do que antes: “Eu era menos cuidadoso e já ficava satisfeito. Agora, é diferente”. Sobre o futuro, ele comenta ainda precisar “encontrar uma boa ideia”, já que passou os últimos anos envolvido na trilogia e agora está aberto a novidades. “É bom poder concluir a trilogia”, diz Jurado, “mas, ao mesmo tempo, é um pouco melancólico, porque você passa tanto tempo envolvido com um projeto e uma linha narrativa”.

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ARTISTA: Damien Jurado
MARCADORES: Entrevista

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.