Mombojó: “É interessante como a gente vai virando referência para outras pessoas”

Projeto “MMBJ12” terá show de lançamento no dia 20 de setembro, em São Paulo

Fotos: Divulgação

Mombojó já não é mais a mesma – assim como toda banda que começou há mais de 15 anos e sobrevive como uma força criativa ainda hoje. Para acompanhar um cenário em constante mudança, o grupo segue em sua reinvenção, o que culminou no projeto MMBJ12, que lançará faixas avulsas que completarão um disco, com lançamento também em vinil, em junho. A primeira, Ontem Quis, já saiu e a próxima deve chegar em novembro.

Essas informações vieram do próprio Chiquinho, responsável por synths e samplers dentro da banda. Falando ao Monkeybuzz por telefone, ele conta que a escolha de Ontem Quis ser a primeira música mostrada veio de sua letra, já que ela “simboliza muito dessa vontade de querer sair do chão, meio sem razões lógicas, sem nada muito fácil, muito prático, que é o que a gente curte fazer”, em suas palavras. “A gente entrou em um período de entressafra, sem fazer muito show e sem lançar disco há um tempo”, continua ele, “a gente mantém a vontade, necessidade e alegria de estar junto e de regar essa planta aí, esse Mombojó que sempre esteve presente”.

Espalhada por três estados diferentes, o grupo perdeu ao longo do tempo a classificação de “banda do Recife”. Não só por ter se mudado geograficamente, mas também por ter incorporado cada vez mais influências em seu som. “Quando a gente começou, Mombojó era uma mistura de Mundo Livre com Los Hermanos”, comenta Chiquinho, “as pessoas catalogavam se baseando nessas referências, mas uma geração anterior ia perguntar: ‘Que estilo é esse? É rock? É samba?’ (risos). A gente já não tá mais tão preocupado com isso, é irrelevante”.

“A gente gozou muito de ser de Recife, você já ganhava aquele selo de qualidade. Uma galera veio e desbravou – Mundo Livre, Nação Zumbi, Eddie – e a gente já chegou muito nesses créditos. Parece que agora o lugar que você está não é tão relevante como antigamente. Eu percebo que o Mombojó de hoje em dia tem uma sonoridade completamente diferente do Nadadenovo (2004), por exemplo, tenho ouvido esse disco pensando em umas coisas do futuro e vejo que a gente soa muito diferente mesmo. É a evolução, né?”.

Nesse processo, se mantendo em par com o que é produzido hoje em dia, existe também um outro movimento simultâneo que é o das bandas que surgem com integrantes que cresceram ouvindo Mombojó. “É interessante como a gente vai virando referência para outras pessoas, tem mais gente com um pé no Brasil, mas também com uma sonoridade gringa das coisas eletrônicas, dos teclados”, conta ele, “acho que, na época que Mombojó começou, não tinha tanta banda com tecladista e sample. Hoje em dia, parece que é um negócio fundamental. Isso é massa. Tem a ver com como a música foi evoluindo, a música hoje dialoga com o mundo inteiro, tudo é muito rápido, muito acessível”.

Dono de uma carreira rica em lançamentos, como vimos em Summer Long, disco feito em parceria com Laetitia Sadier e Alexandre (o mais recente álbum da banda até hoje), o grupo faz questão de percorrer todas essas suas fases nos shows – “sem cair pra um só lado” -, como o que acontecerá em São Paulo no dia 20 de setembro, na Casa Natura Musical. Na ocasião, o projeto MMBJ12 será oficialmente lançado. Sobre a noite, ele conta: “A gente quer um show bem pra cima”.

“A gente vai tocar Ontem Quis e várias músicas de cada disco, mas a gente tá querendo tocar umas que faz tempo que a gente não toca”, revela Chiquinho, “umas músicas do Homem-Espuma (2006), umas do Amigo do Tempo (2010) também, que estavam meio esquecidas”. “Quando chegar em junho, que a gente vai ter as outras músicas gravadas, prontas e já lançadas, aí o show vai estar com uma outra pegada. Isso possibilita também que a gente volte a tocar em São Paulo mais cedo, a gente não precisa esperar muito”, explica ele.

ARTISTA: Mombojó
MARCADORES: Entrevista, Show

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.