Andrew Bird em Cinco Álbuns

Quase duas décadas de carreira podem ser resumidas em cinco discos chave da ótima trajetória do músico

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Somando quase 20 anos de carreira e 10 discos (sem contar os inúmeros EPs e álbuns ao vivo), Andrew Wegman Bird, ou somente Andrew Bird, é um dos novos trovadores das antigas tradições do Folk. Passeando pelos mais remotos e longínquos territórios propostos pelo gênero, o violinista, compositor, cantor e multi-instrumentista maestrou suas incríveis composições, seja de forma solo ou acompanhado de uma banda, e explorou as mais diversas ambientações dentro do que o gênero tem a lhe oferecer.

Em um breve apanhado de sua carreira, vamos tentar resumir quase duas décadas de um singular músico em apenas cinco discos. Pinçaremos em sua discografia seus álbuns mais representativos e o situaremos no tempo/espaço de sua carreira, fornecendo um pequeno guia de discos para você que está embarcando agora na ótima obra do músico.

Thrills (1998)

Apesar de Bird ter lançado seu primeiro álbum dois anos antes deste, Thrills ganha destaque em nossa retrospectiva por alguns motivos. O primeiro deles é que o músico resolveu cindir com proposta Folk (na vibe Singer-songwriter) de sua primeira obra e partir para uma sonoridade grandiosa e instrumentalmente melhor elaborada do que a vista na simplicidade de Music of Hair (1996). Exalando a aura de Nova Orleans do começo do século vinte (embarcando ritmos Jazz, Blues, Country, além do Folk), Andrew traz ao presente ecos de gente como Django Reinhardt, Fats Waller, Brecht, Stephane Grappelli e até mesmo um pouco da obra de Tom Waits através de seu violino e de suas letras.

A escolha pela produção empoeirada, usando microfones vintage, evoca muito dos registros da época e das bandas típicas da região em um resgate que se torna uma belíssima homenagem. E é aí também que chegamos aos segundo ponto pelo qual essa é uma obra importante na carreira do músico: a formação do Bowl of Fire, banda que acompanharia o músico por mais dois álbuns (o ótimo Oh! The Grandeur (1999) e The Swimming Hour (2001)) e encerraria a parceria em 2003.

The Swimming Hour (2001)

Último álbum produzido pelo grupo encabeçado por Bird tem uma aura mais contemporânea ao tratar com o que já havia reproduzido em seus dois trabalhos anteriores. Ainda ecoando os mesmo traços do Jazz, Blue e Folk, o grupo renova sua fórmula adicionando um pouco de Música Cigana e Irlandesa, traços do Gospel e o bom e velho Rock & Roll em um verdadeiro laboratório da Música Moderna, em que diversos gêneros são postos para reagir e se fundir.

Vale a pena dizer também que The Swimming Hour é considerada uma das obras primas na carreira do músico.

The Ballad of the Red Shoes EP (2002)

Pouco mais de doze minutos formados somente por faixas instrumentais mostram o talento do músico ao seu principal instrumento, o violino. Com sete músicas que mal passam da marca dos dois minutos, Andrew apresenta um pouco do caminho que iria seguir após o desmembramento do Bowl of Fire em ótimas obras como Weather Systems e Andrew Bird & the Mysterious Production of Eggs. Apesar de esta ser uma obra inteiramente instrumental, nos anos que se seguiriam, Andrew viria a melhorar sua lírica e direcioná-la à caminhos que não pode explorar em discos anteriores.

Nesta pequena obra, afloram novamente as raízes mais Folks do músico, que embarca em pequenas peças instrumentais, incluindo valsas e músicas típicas da Irlanda. Uma curiosidade sobre este pequeno EP, é que foi a primeira colaboração de Andrew com Beth Bird (sua mãe e), ilustradora responsável pela bela arte da capa e dos encartes.

Andrew Bird & the Mysterious Production of Eggs (2005)

Ao chegar a este ponto, Bird já havia lançado cinco discos e por brincar com tantos estilos, em seu sexto parecia inaugurar uma “terceira carreira paralela”. Ainda que brinque com alguns dos mesmos gêneros com os quais já havia se aventurado, o músico deixa sua obra mais Pop e palatável, trazendo à sua mistura, toques eletrônicos e do Chamber Pop, Folk Progressivo e mais uma vez o Rock, gerando uma das obras mais comemoradas daquele ano (assim como a ótima faixa Fake Palindromes, que figurou em algumas listas de melhores faixas da década).

Se praticamente toda a retrospectiva de sua obra soava retrô (a não ser talvez por The Swimming Hour), neste álbum o músico somente se utiliza do que aprendeu com o passado para fazer um som atual e extremamente contemporâneo. Sobretudo, este é um disco que surpreende o ouvinte a cada faixa.

Break It Yourself (2012)

Seguindo para o lado oposto do que fez no álbum de 2005, Andrew entrega em sua primeira obra de 2012 um disco emoldurado pelo Folk e que mostra, de certa forma, um resgate a si mesmo, um resgate de suas primeiras obras mais calcadas dentro do gênero primário no qual se desenvolveu. Longe da rusticidade de sua estreia, Break It Yourself é um disco que carrega toda a experiência do músico em méritos de produção, de lírica e como instrumentista acumulada durante quase duas décadas.

Como André Felipe bem falou em sua resenha, este é um disco que pode ser apreciado por quem já conhece a obra de Bird ou mesmo por quem curte o gênero com o qual o músico trabalha. Mesmo que este lançamento não mostre tudo o que o músico é capaz, ele exercita muito bem as raízes Folk vindas de seus primeiros anos como compositor e pode ser uma ótima porta de entrada a quem está conhecendo a obra do músico só agora.

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ARTISTA: Andrew Bird
MARCADORES: Redescobertas

Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts