10 trilhas de música eletrônica no mundo dos games

Uma seleção de repertórios marcantes criados para jogos e que passeiam por ambient, techno, trance, downtempo, drum ‘n’ bass, entre outros

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A música tem lugar especial dentro da cultura dos jogos digitais e é aliada fundamental na imersão profunda em mundos novos, deslumbrantes e surpreendentes. Entre os gêneros mais explorados para embalar os games, está a música eletrônica – e há para todos os gostos: ambient, techno, trance, downtempo, experimental….

Selecionamos 10 trilhas sonoras originais de jogos fortemente marcadas pelo uso da música eletrônica a partir de diferentes perspectivas e experimentações.

TEKKEN 3: TECHNO MANIAX (1998)

Referência em jogos de luta, a série Tekken foi desenvolvida originalmente para arcade e Playstation e se consagrou como um dos primeiros games de luta 3D. O estilo urbano-futurista dos personagens se reflete em uma trilha sonora que flerta com uma pluralidade de subgêneros que efervesciam na cena londrina dos anos 1990. Para a trilha do terceiro jogo, foi feito um segundo projeto no qual diferentes DJs remixaram os temas de cada personagem. O resultado é uma imersão profunda em drum ‘n’ bass, garage e outras nuances etéreas.

PARASITE EVE (1998)

Parasite Eve é uma série de jogos de RPG desenvolvido pela Squaresoft (atual Square Enix). Lançado no mesmo período de títulos célebres como Final Fantasy e Chrono Cross e inspirado no romance de mesmo título de Hideaki Sena, tornou-se um clássico cult da cultura de games. Uma marca da Squaresoft sempre foi investir em trilhas repetitivas e marcantes (quase hipnóticas), principalmente nas famosas salas de save room espelhadas nos mapas das fases. A trilha do primeiro jogo é um ótimo exemplo dessas paisagens sonoras escapistas, que passam por ambient e downtempo de forma profunda – seja como textura ou como direcionamento inicial.

MINECRAFT (2011)

Marco do formato de mundo aberto nos jogos, Minecraft trouxe uma trilha sonora marcante e também é uma solução elegante para as limitações que a tecnologia da época impunha ao áudio. Mais de 200 faixas (que continuam sendo produzidas e atualizadas) sonorizam os encontros randômicos do jogo – sempre breves e permeando o território Lo-Fi, ambient. É o jogo mais novo desta lista, desenvolvido inicialmente para computador e, mais tarde, consoles. Composta por Daniel Rosenfeld, também conhecido pelo nome artístico C418, a trilha do jogo aparece em momentos aleatórios que, ainda assim, se sintonizam a seja lá o que os jogadores estiverem fazendo.

ICO (2002)

ICO é um dos jogos que inauguraram a geração do PlayStation 2, apostando em histórias simples e filosóficas com gráficos impressionantes para a tecnologia da época. Partindo da perspectiva de um pequeno guerreiro e a exploração de um mundo fantástico, há uma preocupação em manter um sentimento onírico através dos gráficos e da música. Uma mistura de música medieval e gregoriana com sintetizadores e percussão orquestral foi a forma encontrada pela produtora Japan Studio de dar conta de um universo tão surreal e envolvente. A trilha foi composta por Michiru Oshima e o duo artístico pentagon.

EINHANDER (1997)

Einhander é um jogo ágil e dinâmico de combate de naves futuristas. Um dos primeiros títulos do PlayStation, ele otimizou ao máximo o processamento do console – entregando tanto gráficos fluidos quanto uma trilha sonora complexa e altamente influenciada por subgêneros da música eletrônica. As músicas são aceleradas, raramente abaixo de 140 BPM e flutuam na margem entre drum ‘n’ bass, techno e electro. A ambientação das faixas foi construída a partir da estética futurista distópica – algo entre o cyberpunk e as distopias dos anos 1980 como Blade Runner e Akira.

ECCO THE DOLPHIN (1992)

Ecco The Dolphin, como o nome sugere, é um jogo sobre um golfinho que quer salvar o meio ambiente. A premissa simples rendeu uma trilha baseada em sonorizar fases com a temática do oceano – repletas de texturas e ecos, misturados a beats lentos e hipnóticos. Tudo isso dentro dos chips de processamento do console Megadrive.  É curioso como, 30 anos depois de seu lançamento, sua trilha sonora inspirou os primeiros produtores de vaporwave, entre os quais se inclui Oneohtrix Point Never e seu disco Eccojams, Vol. 1 (lançado como Chuck Person).

GRAN TURISMO 2 (1999)

Gran Turismo é uma série de jogos de corrida famosa pela imersão que não se limitava às corridas, mas expandia a experiência para o universo de torneios, tecnologia mecânica e carreira de piloto. Dentro deste cenário, a trilha procurava simular o sentimento deluxe dos grandes circuitos de corrida, incluindo tracks de house e lounge. A conexão da música com o jogo é tamanha que existe um nicho de playlist para pessoas que procuram músicas com este aspecto house gran turismo. E é uma trilha sonora que empolga – algo indispensável para um jogo de corrida que a todo instante pede que o jogador esteja alerta. O segundo jogo da série traz uma das melhores coletâneas de faixas originais para o jogo, indo do house chic ao techno adrenalina.

PARAPPA THE RAPPER 2 (2001)

Antes que jogos musicais como Guitar Hero ou Rock Band tivessem um boom nos anos 2000, houve algumas tentativas de emplacar este formato na década anterior. Produzida pela desenvolvedora NanaOn-Sha, a série de jogos PaRappa The Rapper misturou a jogabilidade de sincronia musical a personagens estilizados e uma trilha sonora caprichada no hip hop. Ao invés de tocar covers de músicas conhecidas, o protagonista PaRappa precisava vencer desafios de rima temáticos – cada qual representado por um estilo de batida diferente. Apesar do traço cartunesco, o jogo impressiona pela qualidade das músicas e a pesquisa das diferentes expressões dos instrumentais típicos do rap.

RESIDENT EVIL DEAD AIM (2003)

A música nos jogos de terror tem uma importância extra – e com a série Resident Evil, não foi diferente. A ambientação mistura elementos de música clássica com a vagueza de ecos e reverbs difusos. Especificamente em Resident Evil Dead Aim, um dos títulos menos conhecidos da série, a Capcom optou por ser assustadora de forma diferente. Ao invés do terror clássico, a ambient music provoca uma constante sensação de confusão mental, empilhando camadas e camadas de perturbação. O resultado é uma das trilhas mais singulares da franquia, ambiciosa o suficiente para remodelar a abordagem sonora dos jogos de zumbi, mas mantendo elementos clássicos da trilha de Resident Evil.

WIPEOUT (1996)

Com design mais estilizado do que o de outros jogos de corrida espacial, Wipeout é um game que queria trazer o aspecto futurista para as corridas – seja pelos modelos dos carros ou pela velocidade das corridas. Sua trilha sonora primou por uma pesquisa musical refinada e direcionada para nichos do techno e trance. Apesar de outros títulos também terem esse direcionamento, Wipeout se destaca pelo trabalho minimalista das faixas, optando por impressionar nos altos BPMs. Lançado em 1996, a trilha funciona como fotografia sonora das influências das novas tecnologias na música eletrônica – principalmente o aprimoramento das DAWs (digital audio workstation) e sintetizadores capazes de manipular ondas mais extremas e experimentais.

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Autor:

Produtor, pesquisador musical e entusiasta de um bom lounge chique