As histórias que levam à história

De Elis Regina e Belchior a Kurt Cobain: escritores dão dicas e relatam os desafios – e prazeres – de biografar músicos

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Fotos: Divulgação

O que faz alguém começar a escrever uma biografia? Para Charles R. Cross, biógrafo de Kurt Cobain, foi a vontade de extrapolar as limitações do texto curto de revista. Já Jotabê Medeiros escreveu sobre Belchior e Raul Seixas para revelar o que ia além das suas figuras míticas.

O processo não é fácil: leva tempo, custa dinheiro e, no Brasil, ainda pode haver problemas judiciais com exposição de histórias, e o resultado financeiro nem sempre é dos mais vantajosos. Ainda assim, o mercado de biografias musicais vem crescendo e se tornando cada vez mais popular.

Biógrafos contam ao Monkeybuzz por que decidiram se aventurar por essas histórias, quais foram os principais desafios e prazeres, dão algumas dicas e revelam, distantes do segmento ou não, o que há de mais instigante em destrinchar a vida de músicos.

Por um texto com emoção

Julio Maria, autor de Elis Regina – Nada Será Como Antes

Julio Maria sempre esteve ligado ao meio musical. Formado em música e comunicação, ele estreou no caderno de cultura do Jornal da Tarde há 23 anos. Fã de biografias e leituras do gênero, um incômodo profissional era que a maioria das poucas biografias no Brasil tinham ainda “uma linguagem acadêmica, chata”. “Mas alguns, não. Ruy Castro, Fernando Morais tiraram esse aspecto sério da biografia, muito comum no Brasil até então. Quando li Chega de Saudade, pensei: quero fazer uma.”

A possibilidade de biografar Elis Regina chegou até ele anos depois, no início da década de 2010. Ele já havia publicado dois livros, um compilado de entrevistas suas no jornal O Estado de S. Paulo e uma biografia de Frei Galvão, escrito em parceria com Daniela Tófoli. “Fui procurado pela [editora] Master Books para uma homenagem. Como as histórias eram muito boas, virou a ideia [de biografiar]. Li o que já tinha sido publicado e estava cheio de buracos. Pedi mais tempo, eles me deram mais tempo e eu entreguei.”

Julio levou cerca de quatro anos para escrever o livro. Mais de uma centena de entrevistas, viagens ao Rio de Janeiro e ao Rio Grande do Sul e muita pesquisa em revistas e jornais. O dinheiro estava sempre no limite. “Com a grana para viajar da editora conseguir fazer várias viagens, fazer as ligações, mas é contado. Eu aproveitava as viagens que fazia pelo jornal para recolher material para o livro também. Aliás, [essa verba] é uma coisa legal de decidir na hora de fechar contrato, negociar para que tenha uma parte para essas despesas.”

A questão financeira, diz ele, é um dos principais desafios no Brasil. “Ser biógrafo é um ofício que não se paga, infelizmente, e isso influencia no trabalho. Seria fantástico se eu pudesse ter parado para focar só na biografia, mas não dava. Escrevi Elis trabalhando normalmente no jornal.”

“Ruy Castro, Fernando Morais tiraram esse aspecto sério da biografia, muito comum no Brasil até então. Quando li ‘Chega de Saudade’, pensei: quero fazer uma.”

Agora, ele prepara uma de Ney Matogrosso – bem diferente de biografar Elis Regina, morta em 1982. Julio diz que biografar um músico vivo “é um trabalho de sedução”. “Quando o biografado está do seu lado é o mundo perfeito. No Brasil, existe essa questão complicada de direitos, as próprias editoras ficam com pé atrás. Mas é importante você deixar claro que uma biografia não é um presente para um artista, não é para agradar. É sobre ele, não para ele.” Ney tem sido receptivo. “Temos nos falado muito, dia sim dia não. Mas, se ele não quisesse, eu ia fazer do mesmo jeito.”

Na escrita, Julio não busca só contar a história do personagem, ele quer passar suas sensações, trabalhar a sua voz. “Essa coisa de entrar no personagem é uma discussão grande: você quer saber o que ele está sentindo. Que coisa difícil! Se ele não te diz, a não ser que você recupere alguma entrevista daquele momento específico, não tem como saber.” Para criar o contexto, ele recorre à voz de outros personagens, e assim dita o ritmo. “Eu demoro para escrever, é angustiante. Escrevo, paro e vou reler.”

O objetivo, no fim, é um texto saboroso, algo que o gênero – cruzamento entre literatura e jornalismo, sem suas limitações diárias – permite. “Na apuração é parecido, mas na escrita há a busca de um estilo. Não precisa ter períodos mais curtos, pode soltar. Tem muitos textos chatos porque estão amarrados à exatidão da informação. Ele precisa mostrar que apurou e o texto vai virando um empilhamento de informações que emoção não tem. Às vezes precisa pôr uma gordurinha para dar um ritmo. Eu busco muita emoção, com cuidado para não cair no pieguismo.”

“Suspeite do que já foi escrito”

Charles R. Cross, autor de Mais Pesado que o Céu e Room Full of Mirrors

Cross foi editor da revista musical The Rocket entre 1985 e 2000. Viciado em música, a vontade de escrever biografias nasceu do ímpeto de aprofundar seus textos, limitados pela pauta jornalística. “Eu nunca achava que eu tinha palavras o bastante para explicar o arco da vida. Biografias, com suas 150 mil palavras em vez das 3 mil de uma matéria, permitem este espaço para contar a história toda. Mas vidas são tão complexas que mesmo em uma biografia você precisa ser seletivo.”

Como editor, ele diz que, além do interesse pessoal, também pensa em personagens que possam vender. “Penso nisso, mas já fiz um monte de escolhas erradas. Já comecei um livro e vi que não estava encontrando as coisas certas. Afinal, há muitas ideias que dão excelentes matérias, mas nem tantas dão um bom livro.”

“Cartas são uma mina de ouro. Opiniões das pessoas e as próprias narrativas sobre suas histórias mudam com o tempo. Mas uma carta é sempre o retrato mais fiel daquele período.”

Natural de Seattle, a terra do Grunge – embora o Nirvana seja de Aberdeen –, Cross escolheu Kurt Cobain como seu principal foco de estudo. Em 2001, lançou a biografia Mais Pesado que o Céu; em 2008, Cobain Unseen, livro não lançado no Brasil, com fotos e detalhes obscuros de sua vida; e Kurt Cobain – A Construção do Mito (2014), sobre o legado do roqueiro. Além disso, tem ainda um livro sobre a obra de Bruce Springsteen e biografias do Led Zeppelin e de Jimi Hendrix, todas sem tradução.

Biografar alguém vivo, que ele conheceu, e alguém que nunca viu são experiências diferentes. “Com o Kurt, eu sabia o jeito do seu olhar, seu tamanho, sua risada. Com Jimi, eu não o conheci, mas, no fim das contas, você chega ao seu retratado ao entrevistar seus amigos, família, membros da banda e ler suas anotações pessoais.”

A busca de um biógrafo, diz ele, é procurar a essência que vai além do que o artista procura passar e, claro, além do que reportagens mais breves entregam. “Eu acho que uma das coisas mais confusas para os fãs é que eles  baseiam muito do que eles sabem em algo que leram ou o que foi dito em uma entrevista. Mas nenhum artista revela seus pensamentos mais íntimos em uma entrevista pública, quando estão tentando alavancar a carreira ou vender discos. Muitos fãs não pegam este aspecto. Com o Kurt, particularmente, o que ele mais mentia era seu nível de vício, assim como o Jimi.”

Por isso, como dica aos jovens escritores, ele diz para sempre suspeitar do que já foi escrito sobre determinado artista e fazer sua pesquisa própria. “Muitas biografias do Rock são baseadas, como já disse, em suposições falsas. Pessoas são muito mais complexas do que elas aparentam no primeiro vislumbre. Se eu consigo, por exemplo, encontrar cartas dos biografados – como foi com Kurt e Jimi – para mim aquilo é a verdadeira mina de ouro. As opiniões das pessoas, assim como as próprias narrativas sobre suas histórias, mudam com o tempo. Mas uma carta que você possa citar é sempre o retrato mais fiel daquele período.”

“Biografias modificam você”

Jotabê Medeiros, autor de Belchior – Apenas um Rapaz Latino-americano e Raul Seixas: Não Diga que a Canção Está Perdida

Jotabê começou a escrever sobre música quase que por acaso. Em 1985, andava pelas ruas de Londrina (PR) quando viu a revista Somtrês, voltada a música e tecnologia. “Estava passando e vi o The Wall, o filme. Achei que valia a pena fazer um ensaio sobre o que significava.” O editor, Maurício Kubrusly, decidiu convidá-lo para escrever. “Não parei mais.”

No dia a dia da cobertura musical, Jotabê, que sempre gostou de ler, flertava com a vontade de escrever uma biografia. “Eu tinha uma ideia de que o jornalismo não se aventurava em biografias no Brasil. Os americanos têm essa escola imensa, livros só sobre uma coisa específica de Jazz. Aqui a gente era muito modesto.” Sobrava vontade, faltava tempo. “Eu tinha esse insight, mas essas coisas tomam muito tempo. Sair da redação, trabalhar o dia inteiro e escrever um livro, é difícil tomar essa decisão.”

Uma reunião de coincidências lhe trouxe o primeiro biografado. Ele já vinha reunindo material sobre o Belchior desde que ele foi dado como desaparecido, em 2007. “Quando ele desapareceu, virou uma figura mítica. Quando eu saí do Estadão, pensei: agora tenho tempo.” Jotabê decidiu começar sua pesquisa independente, sem contrato, com algum medo e muita vontade.

“Biografia é essa possibilidade de mergulhar num mundo do qual você não tem mais controle. É a experiência jornalística mais bacana que já vivi.”

Depois de três anos de apuração, entrevistas, viagens e um contrato com a editora Todavia, o livro saiu em 2017, coincidentemente poucos meses após a morte do músico. No embalo, a editora propôs um novo biografado: Raul Seixas. Jotabê ia recusar, não estava confiante, mas as voltas que a vida dá lhe proporcionaram um argumento irrefutável: um amigo, fotógrafo, lhe entregou fotos do diário do roqueiro. “Eu vi aquilo falei que ia encarar.”

Para ele, fazer uma biografia é como tratar de mitos reais, pois, embora o objetivo seja relatar fatos, há sempre elementos surpresa que parecem vindos da fantasia. “O personagem que você tem no começo – o maluco beleza, velho roqueiro doidão –, descobre que não é bem assim. Você se aprofunda muito no objeto de estudo e acaba vivendo outra dimensão do jornalismo. Descobri, por exemplo, que o Raul era, na verdade, muito metódico, organizado. Essa é a realidade que eu encontrei.”

O maior desafio, diz ele, é entender o que a obra diz sobre a vida do retratado. Ele usa sua experiência de crítico para ajudar a interpretar o legado. “Essa busca dentro das canções, do significado daquela existência, vai além do aspecto jornalístico. Você tem de entender o contexto de dialogar com seu tempo. Com os generais, os delatores, os artistas, todos os envolvidos na ditadura. No Belchior, tirar as partes cifradas é um trabalho que requer uma certa especialidade.”

Jotabê já está na sua terceira biografia. Sem poder revelar o retratado, diz que, apesar das diversas limitações financeiras e das dificuldades ligadas ao direito de imagem no Brasil, é o caminho que ele quer continuar a trilhar. “As biografias modificam você, mudam a percepção do entorno e do impacto social das coisas. É como o livro do Hunter Thompson sobre os Hell’s Angels, ele se envolve tanto que não sabe mais onde está. Quando o livro sai e ele tenta voltar, apanha, quase morre, porque se tornou um delator. Biografia é essa possibilidade de mergulhar num mundo do qual você não tem mais controle. É a experiência jornalística mais bacana que já vivi.”

O biógrafo de um homem só

Arthur Dapieve, autor de Renato Russo – O Trovador Solitário

Dapieve nunca tinha pensado em escrever uma biografia quando recebeu, no final dos anos 1990, uma encomenda para escrever um perfil para uma coleção sobre personagens do Rio de Janeiro. A proposta inicial era o Cazuza. Autor de um livro-reportagem sobre o rock brasileiro dos anos 1980 (BRock, 1995) e jornalista musical desde 1986, ele parecia a pessoa perfeita para o tema.

“Enquanto pensava, surgiu a notícia de que a Lucinha [Araújo, mãe de Cazuza] já estava escrevendo a sua. Declinei e, anos depois, surgiu o Renato. Topei. Não só pela hierarquia de preferência pessoal, mas o Renato eu tinha entrevistado várias vezes. O Cazuza eu só tinha encontrado algumas vezes. Achei que poderia acrescentar.”

O jornalista se afundou não só no que havia de informações na imprensa sobre o roqueiro como no próprio material que ele havia recolhido ao longo dos anos, com seis entrevistas com o músico e registros de shows da Legião Urbana. “Eu tinha seis meses para fazer. O que ajudou é que eu conhecia o Renato. Enquanto eu escrevia, eu ficava escutando as fitas cassetes [das conversas], ele continuava falando comigo. E o fato de ter trabalhado nessa época, escrevendo sobre essas coisas, não precisava que ninguém me contasse, eu só precisava lembrar dos casos. Como aquele show em Brasília [em 1988], que acabou em confusão. Há diversas versões. Eu não preciso de nenhuma porque estava lá.”

“Essa coisa de biografia definitiva não existe, são sempre complementares.”

Diferente de outros biógrafos, Dapieve escolheu traçar uma biografia artística de Renato Russo. Ele intencionalmente optou por deixar de lado aspectos de sua vida privada, algo que o próprio roqueiro fazia quando vivo. “Quando ele morreu, a gente nem sabia do que tinha morrido. Tinha uma série de boatos, alguns davam conta de síndrome do pânico, mas a AIDS não era causa mortis. Eu não sabia, foi mantido pelos amigos próximos. Esse comportamento me deu dicas, então só entrei no que era próprio do músico. O que ele fazia entre quatro paredes quando não estava compondo não me interessava e pessoalmente não me interessa.”

As entrevistas e o jeito de Renato compor ajudaram ainda na linguagem do livro. “Ele tinha uma preocupação em fazer letras que as crianças pudessem cantar. Não tem muita malícia, não tem muito palavrão. Fiquei com isso na cabeça: não vou pesar a mão da linguagem. Na noite de autógrafos da primeira edição, curiosamente vi muita criança na fila. Aí eu pensei: ele tinha razão, esse livro as crianças podem ler.”

O Trovador Solitário ganhou sua décima edição, com capa nova, neste ano. Segundo Dapieve, esta foi sua primeira e única biografia. “O que aprendi é que, se não sou biógrafo profissional, uma biografia nasce de uma relação qualquer entre os dois [escritor e biografado]. Eu tive algumas sondagens para uma outra e não senti a mesma conexão que tive ao fazer essa. Fora que o Renato tem esse paradigma, quem é que rivaliza? Espero que surjam biografias novas dele, com outros enfoques, como é lá fora. Tem muito material. Essa coisa de biografia definitiva não existe, são sempre complementares.”

“Você faz por que é legal, mas é financeiramente irreal”

André Barcinski, autor de João Gordo – Viva La Vida Tosca, Marcelo Nova: O Galope do Tempo e Pavões Misteriorosos

Em 34 anos de carreira, André Barcinski já fez de tudo no meio da comunicação. Dirigiu documentário, produziu e dirigiu diferentes programas sobre cultura, foi crítico, fotógrafo, repórter, colunista e escreveu livros-reportagem e biografias de cinema e música. Sua primeira obra, Barulho, relata uma viagem que fez de carro pelos Estados Unidos em setembro de 1991, quando Nevermind, do Nirvana, foi lançado.

A primeira biografia veio no decorrer dos anos 1990, sobre Zé do Caixão. No meio musical, biografou o Sepultura (Toda a História, 1999), João Gordo (2017) e Marcelo Nova (2017), além do livro reportagem Pavões Misteriosos (2014), sobre a explosão da música Pop no Brasil.

Ele soma três pontos para escolher um personagem: qualidade da obra, relevância histórica e interesse biográfico. “Tem artistas que são muito importantes, fizeram coisas muito legais, mas não têm uma biografia instigante. As que eu faço são artistas que admiro e que sei que têm histórias muito interessantes. Afinal, você está fazendo para quem conhece e não conhece e quer conhecer mais, entender como a vida desse artista mudou sua música.”

A questão a ser destrinchada em uma biografia, ele diz, é capturar a essência de um trabalho definitivo. “Em reportagens, você tira uma polaroide de um artista num determinado período. Aquela entrevista do Kurt era o Kurt em 1991. Um livro, o retrata de 1967 até o momento que termina. É mais abrangente, mais complicado. Envolve, também, pesquisar, entrevistar as pessoas do entorno. As pessoas falam que são só 200 páginas, mas às vezes durou 5 anos para sair. É um trabalho monstruoso e financeiramente péssimo.”

Escritos junto aos biografados, os livros sobre João Gordo e Marcelo Nova são como autobiografias, escritas por ele. “Decidi fazer os livros em primeira pessoa porque o João tem uma verve muito engraçada. O Marcelo também, qualquer coisa que você vai escrever dele, ele fala melhor do que você escreveria. Então o desafio é pegar o jeito que eles falam, o tom particular de cada personagem.”

“As famílias não entendem o papel do biógrafo. Elas acham que você está lá para ficar louvando o biografado. Não entendem que a história de uma pessoa pública não pertence à família, pertence ao país, à coletividade.”

Nestes casos, ele diz que a produção demora menos, pois não necessita de menos pesquisa, uma vez que o objetivo não é contar a história geral, mas como o retratado viu essa história. Isso não significa que vão sair imprecisões públicas ou mentiras. “Eu sempre tento questionar o que falam. Pedir para falar de algo de 30 anos vai confundir um fato com outro, normal. Mas isso a gente pesquisa, dá menos trabalho. É mais difícil no final, na escrita. Tento pegar um lado mais pessoal deles.”

Barcinski fala empolgado de suas produções literárias, mas diz que este mundo ficou para trás. “Escrever não ficção no Brasil não faz o menor sentido financeiro. Você sempre tem de ter outra fonte de renda. Eles te dão um adianto – se dão – de R$ 10, 15 mil. Pô, legal. Mas por quatro, cinco anos? Se depender disso mês a mês você morre de fome. Depois, você fica só com 10% do preço de venda. É só fazer o cálculo. Você tem de ter outra profissão para viver. Eu sempre fiz meus livros nos intervalos e isso atrapalha [a produção], sem dúvida.”

Além da questão financeira, há a sempre citada complicação de judicialização quando se fala em biografias no Brasil. “As famílias não entendem o papel do biógrafo. Elas acham que você está lá para ficar louvando o biografado. Não entendem que a história de uma pessoa pública não pertence à família, pertence ao país, à coletividade.” Ele já enfrentou problemas com alguns de seus livros e só vê isso como mais uma barreira para a produção por aqui. “É diletantismo puro.”

No final do ano passado, ele lançou a série documental História Secreta do Pop Brasileiro, nascida de Pavões Misteriosos e já disponível em streaming. Em julho, lançará uma série dramática sobre o mundo Disco brasileiro dos anos 1970 no Canal Brasil e uma série sobre a dupla hit maker Sullivan & Massadas está em fase de pré-produção. As biografias cessaram.

“Não me vejo fazendo mais livros. É muito trabalho e estão cada vez mais desvalorizadas. Se as pessoas podem baixar PDF de graça, baixam. Você faz por que é legal fazer, é um trabalho realmente emocionante terminar, mas financeiramente irreal. Eu tenho filho para criar, então foco em projetos que deem prazer, mas que paguem as contas.“

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