Dev Hynes e sua Natureza Camaleônica

Conheça mais sobre o músico, produtor e compositor que tem participado de produções com diversos músicos do cenário atual e se dedicado à carreira solo como Blood Orange

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Devonté Hynes nasceu no Texas, mas logo se mudou para Essex, uma área não-metropolitana no leste da Inglaterra, onde passou a maior parte de sua infância. Não demorou muito até que ele já lamentasse a mentalidade estreita que prevalecia pela região, criando apenas um desejo: sair de lá. Ele passou os melhores anos da sua adolescência ouvindo Punk, tocando guitarra, andando de skate e lendo quadrinhos, coisas que influenciaram diretamente sua maneira de enxergar a arte.

Sempre fascinado pelo cenário musical de Nova York – e com um desejo louco por mudanças -, decidiu mergulhar e se estabelecer pelo bairro do Queens, por volta de 2006. Lá, ele conheceu os músicos Sam e Rory Merhan Attwel, com quem formou a banda experimental Test Icicles. Hynes, nos anos seguintes, concentrou-se em escrever músicas focadas em sua carreira solo, compondo dentro de seu próprio quarto e produzindo compilados em mixtapes que ouvia enquanto atravessava a cidade durante a noite, mesclando o ecossistema noturno e sombrio com a música em seus fones de ouvido.

Depois disso, com o nome de Lightspeed Champion, lançou seu primeiro álbum, Falling off the Lavender Bridge, de 2008, que expõe muito sobre ele. É uma mistura de psicodelia com tons de Folk, que acabaram resultando num trabalho muito intenso e expressivo, diferente do som produzido com a Test Icicles.

Dev teve um problema de saúde na garganta que fez com que ele perdesse sua voz por alguns meses. Depois de várias semanas de silêncio e recuperado, lançou o segundo álbum como Lightspeed Champion: Life Is Sweet! Nice to Meet You.

Mas a necessidade de mudança persistiu. Depois de se mudar para Los Angeles, gravou um som diferente, misturando baixo, guitarra e teclados. Ele estava decidido de voltar a cantar, porém com vontades muito maiores do que antes, inspirado – segundo suas próprias palavras – por Chris Isaak. A partir disso, escolheu um novo nome artístico: recusando-se à ideia da fama, preferiu “se esconder” atrás do nome de Blood Orange.

Blood Orange construiu a estética de seu novo álbum com base nos anos 80, tanto em seu lado glorioso quanto decadente. E, decididamente, assume seu lado “gay friendly” nas canções – ao explicar suas influências para as composições, ele assume que todas as suas novas canções foram escritas “a partir de uma perspectiva feminina”. Os vocais, suaves e sussurrantes, foram comparados pela crítica ao músico Prince – que, inclusive, o próprio Dev já mencionou ter grande admiração.

No meio de tudo isso, Hynes também se apresenta como compositor e produtor, tendo trabalhado com artistas como Florence and the Machine e Chemical Brothers, além de ter produzido para Theophilus London e Diana Vickers. No ano passado, ele produziu e compôs músicas do terceiro álbum de Solange Knowles. Dev mostra muita versatilidade e uma impressionante capacidade de adicionar um toque muito característico de seu trabalho em produções inusitadas com outras grandes parcerias musicais.

Selecionamos alguns trabalhos bacanas para mostrar a versatilidade de Hynes.

Felix Buxton e Simon Ratcliffe, dupla inglesa conhecida como Basement Jaxx, sempre estiveram no campo da experimentação. A canção com Dev Hynes acabou sendo um pouco previsível no quesito inovação, porém conseguiu surpreender com a letra melancólica que dá um complemento ao baixo e à percussão mais agitada.

Flying Over Seas é o single de Theophilus London. Uma música que traz um clima descontraído no meio da brisa de Palm Beach. Dev acaba sendo um complemento para Theophilus musicalmente e também estilisticamente, complementados pela voz de Solange Knowles que dá o toque final à atmosfera alegre da música.

Hynes como Lightspeed Champion expressa-se através de uma certa melancolia, solidão e nostalgia. A música captura a incerteza jovem e, mesmo estando muito longe da suavidade de Blood Orange, não deixa de ser uma baladinha mais acústica de sucesso, num misto comovente de fragilidade emocional.

Dev também fez uma participação no single Losing You de Solange Knowles em 2012, como compositor e produtor, em uma mistura de R&B melancólico com toques dos anos 80, característicos da fase Blood Orange, mas em uma versão mais moderninha.

A produção mais recente de Dev foi com Florence Welch: um dueto onde os dois cantaram o hit da dupla Icona Pop, I Love It, num ritmo introspectivo de uma balada romântica improvisada, durante uma apresentação em Nova York em prol dos Direitos Humanos.

Já com o último disco de Dev (Blood Orange, no caso), podemos perceber um pouco da sua natureza mutante e sua habilidade de imersão com um som muito uniforme, e cheio de influências dos anos 80.

Blood Orange estará no Pitchfork Music Festival 2013, com cobertura do Monkeybuzz. Acesse nossa página especial e fique por dentro de tudo que acontece no festival.

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Autor:

Largadora por vocação. Largou faculdades, o primeiro namorado e o interior. Hoje só quer saber de arte, cinema, música, fotografia e sair correndo pelo mundo.