Especulações Sobre o Novo Álbum de Kings Of Leon

Sétimo disco da banda deve buscar retomar a energia de seus primeiros trabalhos

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Desde o lançamento de Only By The Night, de 2008, Kings Of Leon vive um dilema comum entre bandas de Rock. Por ser um estilo que, para muitos, ainda tem a rebeldia e a atitude como bandeira, amadurecer e com isso mudar seu som não é algo visto com naturalidade pela base de fãs. Se isso vier acompanhado de um sucesso estrondoso, aparições em programas de TV, shows para dezenas de milhares de pessoas e infinitos remixes espalhados por baladas ao redor do mundo, pior ainda.

Muitos artistas parecem não se importar com isso, é a velha história de perder 100 fãs para ganhar 100 mil. Mas pelos discursos recentes da banda de Nashville, principalmente do vocalista Caleb, que já revelou publicamente que por ele, Sex On Fire – maior sucesso do grupo – não teria entrado no disco, eles tem se incomodado com isso. Ou pelo menos, tentado mesclar o som mais limpo e aparentemente menos transgressor que fazem agora, com as raízes Country e um pouco mais da atitude presentes no início de sua trajetória.

Para isso, uma das estratégias do grupo foi gravar seu sétimo e novo álbum em Los Angeles, cidade que os inspirou nos dois primeiros discos, Youth & Young Manhood (2003) e Aha Shake Heartbreak (2004), justamente os considerados como os melhores – ou os únicos realmente bons – por muitos fãs de longa data do grupo. Caleb contou em entrevista no final do ano passado que tentarão voltar para a cidade californiana para ver se os inspira e ainda completou “Queremos curtir o que estamos fazendo um pouco mais”.

Especulando um pouco sobre este trabalho que ainda não conhecemos e abaixando um pouco a expectativa dos fãs, é difícil que a banda retome a energia de faixas como Slow Night, So Long ou de King Of The Rodeo. Estas contém uma energia – tanto em melodia quanto em temática – da juventude que já não faz mais parte da vida deles. Além disso, em entrevistas recentes, eles comentaram esse dilema de muitos pedirem para que retomem o que faziam nessa época dizendo que, depois de tanto tempo, é difícil voltarem a ser instrumentistas ruins, pois é o que eles enxergam quando ouvem tais faixas novamente.

No entanto, seus dois últimos álbuns já deixam pistas de caminhos que podem ser tomados. Mechanical Bull(2013), mais recente trabalho do grupo, abre já com Supersoaker, que retoma muito do Southern Rock do início da carreira, mas com um som muito mais pesado e preenchido, uma produção impecável e vocais muito melhor controlados. Engatam em seguida na divertida Rock City, esta sim resgatando inclusive os vocais mais soltos de Caleb – aqui realmente dá pra imaginá-los se divertindo ao compor e gravar a canção.

Se nosso papel é especular, seria interessante – apesar de improvável – ver a banda se soltando mais e abraçando uma pegada mais ambiciosa e épica como a de Alabama Shakes ou até mesmo um som mais agressivo como de Queens Of The Stone Age, banda da qual todos os integrantes são fãs. Após Ed O’Brien, um dos guitarristas do Radiohead afirmar diversas vezes que Kings Of Leon é uma de suas bandas preferidas, também não faz mal sonharmos com algumas guitarras menos convencionais, com mais efeitos, ao longo de uma ou outra faixa.

A certeza é que Kings Of Leon cresceu como talvez nunca tivessem imaginado e com instrumentistas decentes, a voz inconfundível de Caleb – provavelmente a característica que atrai a maior parte dos fãs atuais da banda – e um trabalho impecável de produção que só o dinheiro pode comprar, é difícil imaginá-los fazendo um trabalho ruim. Mas também é improvável imaginar uma grande revolução no som da banda, que sempre valorizou a tradição. Nos resta aguardar seu sétimo disco, anunciado para algum momento ainda neste ano.

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ARTISTA: Kings of Leon
MARCADORES: Discussão, Novo álbum

Autor:

Nerd de música e fundador do Monkeybuzz.