Nina Kraviz: Universo em Expansão

Artista russa leva o público em viagem imprevisível com seu vocabulário enciclopédico

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Faz sentido pensar que Nina Kraviz utiliza metáforas visuais para falar do tipo de música que a inspira. “Cores primárias como vermelho ou azul são muito óbvias para o meu gosto, eu procuro algo intermediário: roxo ou laranja ou apenas uma gradação de tonalidades como azuis esverdeados ou verdes amarelados. Eu amo a música que não é previsível”. De fato, conhecer o trabalho da artista russa é deparar-se com analogias sinestésicas, sejam elas entre som e cor ou prazer.

Dona de seu próprio selo, трип, onde cultiva um catálogo exclusivo de versões inéditas – e as quais usa em suas apresentações -, e prata da casa de selos como Underground Quality, a DJ e produtora, que é uma das vozes mais influentes da cena Techno e Deep House da música eletrônica underground mundial, pousa em São Paulo para o Dekmantel Festival 2017.

E não foi por acaso que Kraviz tornou-se uma das DJs mais requisitadas mundialmente: é justamente por conta da imprevisibilidade que tanto gosta que sua fama estende-se do sofisticado ao controverso. É graças ao teor didático de suas apresentações – no sentido em que procura ampliar o vocabulário do público com suas demonstrações enciclopédicas do que o Techno pode ser – que a artista tira o ouvinte da sua zona de segurança para pô-lo em movimento.

Eloquentes, suas apresentações costumam ser improvisadas em torno da vibe do público, e pretendem ser uma viagem através de diferentes sensações, através da alquimia de unir faixas que levam o público para uma trajetória inesperada. Sons graves, espaçados, preenchidos por uma pegada sexy, o Techno de Kraviz tem um vasto alcance, um espaço sônico interdimensional hipnótico sempre em expansão.

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Autor:

é músico e escreve sobre arte