Resenhas

Brodinski – Brava

Produtor esconde-se em meio a tantas colaborações em álbum de estreia

Loading

Ano: 2015
Selo: Bromance
# Faixas: 14
Estilos: Trap, Techno
Duração: 48"
Nota: 2.5
Produção: Louis Rogé
SoundCloud: https://soundcloud.com/brodinskiofficial/brava-minimix

Anos depois de seu último EP lançado, catorze faixas entram para a carreira do francês como uma surpresa aos ouvintes já habituados com o som de Brodinski. Brava é seu álbum de estreia e contempla uma nova fase do produtor. Quem esperava um Techno berlinense caiu do cavalo: O trabalho se firma, em sua maioria, em produções de Trap.

Quem julga Brava pelo tamanho da obra é porque não sabe que há um número ainda mais de colaboradores. O francês escolheu a dedo quem faria parte do time de vocais em suas produções da vez e veio com uma proposta menos Underground e um pouco mais palatável. Os talentos fizeram tão bem que a estrutura parece se perder no meio do caminho. É o caso de Interviews, com I LOVE MAKONNED & Yung Glessh, ou Calculator, com o rapper Chill Will, um dos pontos mais fortes do CD. Salvas poucas exceções, vemos uma base com personalidade, mais próxima do que conhecemos de Louis Rogé. É impossível não dar os créditos de Need For Speed à Louisahhh!!!, um dos nomes mais quentes do Electro Clash atual, ou até a linha mais soturna, parecida muito no que vemos em todo selo Bromance, fundado pelo próprio Rogé, e que artistas como Gesaffelstein seguem com maestria.

Alguns singles durante 2013 e 2014 serviram de gás para que Brodinski fizesse essa transição entre seus últimos trabalhos e Brava. Oblivion pegava uma linha bem mais linear, soturna e marcada, enquanto Eurostarr já iniciava um relaxamento de sintetizadores sombrios e começava a usar outras linhas de percussão, mais trabalhada e dançante. Já em 2012, com Arnold Classics, o tom já não era Industrial, nem Experimental. Como um subir de degraus, a maturidade musical de Louis aqui já tinha cabeça, tronco e pernas. Dois anos depois, com todas as mixagens de I Love Techno, ficou aquelAA sede de autoral e uma vontade de sobressair um pouco daquele terreno que há tento plantava.

Não temos a linearidade nem sobriedade do trabalho de 2014, mas Brava ganha lirismo, ganha energia, fala de álcool, drogas e fala de amor. Sua capa tenta passar esse desejo, mesmo que transformando todos esses elementos tão indivualistas em um coração. Brondinski mostra que é possível. Follow Me, sob os vocais doces de Georgi Kay, traz esse espírito melódico pra obra. O mesmo serve para Follow Me, Part 2, de novo com Chill Will e a maravilhosa Us com Bloody Jay.

É errado julgar Brodinski com perspectiva do Techno. Brava foi uma tentativa. Veio diferente, quase que irreconhecível. Vemos na tracklist sua trajetória de música, passando pelo industrial, sendo maleável com House, brincando com percussões, aproximando do Hip Hop e abraçando o Trap. Não como um novo objetivo de carreira, mas como uma possibilidade de, ali, nos 140 BPM, uma possibilidade de brincar com os sintetizadores e a marcação do Techno com os vocais inéditos do Hip Hop. Há de se lembrar que Brodinski não é somente produtor. Hoje, em sua visão de empresário, é completamente plausível e compreensível que ele tomasse uma atitude mais comercial. Tantos fizeram, por que não Louis?

O grande pecado, entretanto, foi não dar importância ao instrumental tanto quanto foi em toda sua carreira. O exagero na escolha dos colaboradores resultou na perda de foco nesse sentido. Ouvir Brava não foi mais ouvir Brodinski e sim perceber quem ele quer se moldar. Não soou muito pretencioso como poderia ser, com o talento e técnica que podemos enxergar facilmente, e por isso houve muito desperdício em Brava. Brodinski se tornou Louis Regés, um produtor de muitos rappers. O resultado pode ser frustrante no início, mas diante de uma aposta a longo prazo, Brodinski hoje está mais preocupado com sua Bromance do que com sua carreira em si.

Loading

Autor:

Publicitário que não sabe o que consome mais: música, jornalismo ou Burger King