Rita Oliva retorna ao projeto Papisa para seu segundo álbum em carreira solo. As nove faixas que compõem Amor Delírio relatam estágios e histórias diferentes de um dos sentimentos humanos mais potentes: o amor. Da paixão ao delírio, do deslumbramento ao desencanto, o registro passeia pelas dores e delícias dos relacionamentos – ora como desabafo, ora como euforia.
No sucessor de Fenda (lançado em 2019), a musicista paulistana conta com o apoio de Felipe Puperi (também conhecido pelo projeto Tagua Tagua), que traz alguns de seus timbres e processos característicos, mas sem eclipsar a forma de Rita contar suas histórias. A sinergia entre os dois músicos cria faixas que passeiam entre o pop psicodélico e o indie pop de forma bastante natural.
Em menos de 30 minutos, Rita nos leva por uma viagem completa, que pode ser encarada como começo, meio e fim de um relacionamento. O processo de se apaixonar vem em “Dores no Varal”, a desilusão chega em “Amor Delírio” (single que conta com ótima participação de Luiza Lian) e “Fronteira” encerra a obra com olhar de esperança pelo que pode vir a acontecer após um término. Ainda há espaço no registro para “Vento”, faixa instrumental que simboliza o processo de mudança ou de novos ares em meio a essa narrativa.
Se, em Fenda, Rita abordou a morte e o aspecto cíclico da natureza, aqui ela parece encarar, a partir de perspectiva análoga, o ciclo ou os ciclos do amor: que nasce, morre e renasce em um processo sem fim. Com fluidez e personalidade, o disco percorre histórias em um misto de desejo, encanto, sedução, dor – e tudo mais o que a paixão e as paixões são capazes de inspirar.
(Amor Delírio em uma faixa: “Amor Delírio”)
