Resenhas

Black Sabbath – 13

Após 18 anos sem lançar novidades, o lendário conjunto sai do hiato e surpreende com seu novo disco

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Ano: 2013
Selo: Universal
# Faixas: 8
Estilos: Rock Clássico, Heavy Metal
Nota: 4.0
Produção: Rick Rubin

Não há como passar ao largo de um lançamento como este em pleno 2013. Mesmo que um disco de inéditas do Black Sabbath com a formação inicial seja alardeado desde os anos 80, sua realização é pra lá de satisfatória e capaz de preencher uma lacuna em sua discografia: o disco de despedida.

Lembrando um pouco da história: a formação original, com Ozzy Osborne, Tommi Iommi, Geezer Butler e Bill Ward foi pro brejo ao fim das gravações de Technical Ecstasy, de 1977. Iommi queria inserir alguns elementos novos na sonoridade da banda e Ozzy não concordava com essa diretriz. Em novembro daquele ano, Ozzy deixou a banda, retornando para gravar o disco seguinte, Never Say Die, lançado em 1978. Com a pouca repercussão do novo trabalho e os desgastes com Iommi ainda presentes, Ozzy realmente pediu o boné e deu início a uma bem sucedida carreira solo. O Sabbath ainda teria uma outra formação considerada clássica, que teria Ronnie James Dio nos vocais e o baterista Vinny Appice substituindo Bill Ward, que deixaria a banda no início dos anos 80 por conta de problemas de saúde.

Qualquer disco lançado por uma outra formação de músicos sob o nome Black Sabbath terá sempre dois traços marcantes: a presença perene de Iommi e a fraca qualidade, quando comparado às obras que os dois line ups clássicos lançaram. Até agora. 13 chega para corrigir esse teorema. Antes de mais nada, é preciso lembrar que o Sabbath é o território de Iommi, muito mais que de Ozzy, por exemplo. Por mais que a figura do velho e atormentadíssimo vocalista seja uma marca mundial com tradução duvidosa para toda uma nova geração – cortesia da série The Osbournes, da MTV – é o monstro criador de riffs que detém o pátrio poder sobre o Sabbath. Até porque, a sonoridade característica da banda, lenta, precisa, pesada, muito mais preenchida por riffs que por solos, é obra da mente musical de Iommi. E ele está à vontade em 13, inspirado, focado, com tempo de sobra para estraçalhar com todos os guitarristas imitadores surgidos desde os anos 70 pra cá.

Ozzy já não é capaz de cantar satisfatoriamente há muito tempo, mas é dono de carisma e simpatia tão avassaladores que conta com a compreensão eterna dos fãs. O baixo de Geezer Butler mantém-se nas sombras, sustentando o arcabouço musical, ajudado pela presença interessante de Brad Wilk, baterista do Rage Against The Machine, provavelmente realizando um sonho de moleque, mantendo-se respeitoso ao lado do trio.

13 tem oito músicas na versão standard em CD e mais três na variante de luxo, em CD duplo. Nenhuma delas tem tempo menor que quatro minutos, todas com um verniz clássico sensacional, cortesia da produção precisa e bem informada de Rick Rubin, provavelmente o único sujeito no planeta com capacidade para produzir um disco do Sabbath. Ao fim das oito faixas, nenhum clássico salta aos ouvidos, mas algumas canções como End Of Beginning, Age Of Reason e Damaged Soul, mostram um grande potencial para versões incendiárias ao vivo.

Confesso que achava desnecessária a reunião do Sabbath e duvidava um pouco da capacidade dos três colocarem egos e diferenças de lado para um objetivo comum, mas, 13 me deixou completamente desconsertado. Não é um disco clássico da banda, mas quem disse que isso é importante a esta altura dos acontecimentos? Bravo.

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ARTISTA: Black Sabbath
MARCADORES: Resenha

Autor:

Carioca, rubro-negro, jornalista e historiador. Acha que o mundo acabou no meio da década de 1990 e ninguém notou. Escreve sobre música e cultura pop em geral. É fã de música de verdade, feita por gente de verdade e acredita que as porradas da vida são essenciais para a arte.