Resenhas

Caro – Burrows

Com referências evidentes ao Indie da última década, disco de estreia da banda britânica cativa por abordar temas densos com leveza e carisma

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Ano: 2020
Selo: Yala! Music
# Faixas: 11
Estilos: Indie, Rock Alternativo
Duração: 41'
Produção: Adam Pardey e Hugo Meredith-Hardy

Há uma certa característica juvenil, uma energia um tanto irreverente e divertida, no som que Caro apresenta em seu álbum de estreia, Burrows. É algo presente nas letras confessionais, uma poesia que não se deixa constranger pela exposição, mas principalmente na leveza com que a banda britânica constrói uma sonoridade consideravelmente ambiciosa.

Suas 11 músicas não escondem raízes no Indie que tanto ouvimos na última década e meia, aquele de timbres muito específicos de guitarra, percussão bem demarcada e uma dinâmica que alterna entre momentos mínimos e um grande volume sonoro em sequência – Alt-J, Local Natives, St. Vincent, Foals, Vampire Weekend e até Grizzly Bear são alguns dos que podem ostentar com orgulho o status de “referência” para um disco bacana, ainda que bastante familiar.

De fato, não é o mais original dos trabalhos, mas isso não incomoda justamente por não parecer ser uma obra que se leva tão a sério (o que combina muito bem com essa sonoridade). Ao longo do repertório, sempre que os versos pesam um pouco mais, as quebras de ritmo, os falsetes e novas direções no meio da faixa mantêm o ouvinte em uma vibe do espectro mais Pop do Indie, ao invés do lado dark, caminho pelos quais tantas bandas percorrem ao cantar sobre sentimentos particulares.

Dentre as reflexões do disco, a abertura “Closet Lunatic” canta sobre a persona que decidimos mostrar aos outros enquanto escondemos com cuidado tantas outras partes (logo a primeira estrofe já termina com “You behave like you’re not one of them / But it only goes to show how hard it is to pretend”). Há também espaço para muitas desilusões existenciais (“Morality is a fickle figment of everyone imagination / Humanity is a vicious illness immune to any medication / Divinity is around the corner, but so is our annihilation”, em “Cat’s Pyjamas”) e o medo paralisante que elas trazem (como na faixa-título).

São assuntos fortes tratados com respeito, mas que também trazem aquela tal leveza. Ajuda ter uma faixa como “Monster Man” – uma narrativa fabulosa com timbres referencialmente cômicos – ali pelo fim, mas, independentemente dela, o que fica da experiência de Burrows é o carisma de um som bem produzido que evoca alguma banda que você chama ou já chamou de favorita. Pode acreditar, a afeição por Caro vem logo no primeiro play.

(Burrows em uma faixa: “Fall Apart”)

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ARTISTA: Caro

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.