Resenhas

Mall Girl – Pure Love

Segundo disco do trio norueguês mantém a conexão com o emo, mas flerta com o dream pop e o garage rock

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Ano: 2024
Selo: Jansen Records
# Faixas: 9
Estilos: Emo, Math Rock, Art Rock
Duração: 29'
Produção: Marius Elfsdedt, Iver Armand Tandsether

Dois anos separam Superstar, disco de estreia do trio norueguês Mall Girl, de Pure Love. Se no primeiro registro o grupo criava a partir das ligações do emo com o shoegaze, aqui, embora o ponto de conexão com o emo se mantenha, as direções são diferentes.. A evidência desse novo momento aparece já na faixa de abertura, “Inzane”, uma escalada progressiva que abarca gêneros, timbres e instrumentos diversos durante quase seis minutos de canção.

Formado pela vocalista Bethany Forseth-Reichberg, pelo guitarrista Iver Armand Tandsether e pela baterista Veslemøy Narvesen, o trio norueguês embarca nessa nova viagem com a bagagem do math rock e do emo do meio-oeste americano, mas se abre a tendências de dream pop e garage rock – em uma mistura que a princípio pode parecer alienante, mas que se mostra bem fácil aos ouvidos. Talvez a ideia de suavizar os elementos venha da recente admiração do grupo: a banda Big Thief e seu ótimo Dragon New Warm Mountain I Believe In You.

Ainda que não haja implicação direta na sonoridade, podemos dizer que Adrianne Lenker e companhia impactaram de alguma forma as letras e a entrega vocal de Bethany, além de ressoarem nessa proposta sincrética, mas coesa. Mais harmônico do que ruidoso, o trio cria faixas como “Energy Lights”, que poderiam ter saído, por exemplo, de um disco de Lenker. Mas, por outro lado, mostra algo como “Inside Out”, que com sua bateria inquieta e tempos quebrados, poderia ser uma criação de um dos irmãos Kinsella (e seu American Football).

Toda a brincadeira com estruturas serve de cama para letras sobre medo de compromisso, apego e devoção intensa (“Glu Myself 2 U”), num misto de vulnerabilidade e franqueza, sem perder o frescor da juventude (assim como as inseguranças e a dor de crescimento de ter seus 20 e poucos anos). Mais do que um simples “disco de término” ou um triste registro do emo e suas adjacências, esse é um álbum que consegue desafiar convenções e, ainda assim, ser palatável.

(Pure Love em uma faixa: “Inzane”)

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ARTISTA: Mall Girl

Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts