Resenhas

Pabllo Vittar – Batidão Tropical Vol. 2

Novo volume amplia os diálogos com tecnomelody e forró, imprimindo uma inconfundível personalidade pop a releituras

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Ano: 2024
Selo: Sony
# Faixas: 14
Estilos: Forró, Tecnobrega, Pop
Duração: 34'
Produção: Brabo Music Team, Jeska Produções

A história do pop brasileiro é um desafio e tanto para os estudiosos da cultura. Além de ser um gênero de diferentes faces, a particularidade brasileira o deixa ainda mais suscetível às múltiplas influências – uma miscelânea cultural viva e de definições cada vez mais desafiadoras. Em uma mesma categoria de características em diálogo, é possível colocar a Jovem Guarda, Marina Lima, Débora Bloch, Kelly Key, Ludmilla e, incontestavelmente, Pabllo Vittar – uma artista que compreendeu a particularidade do pop nacional, trazendo intersecções com gêneros musicais de diferentes regiões do país.

Seja no calor da influência brega de Vai Passar Mal (2017) ou nos belos e pegajosos refrãos de Não Para Não (2018), Pabllo comunica algo autenticamente nacional, mesmo que perpassado por uma linguagem pop internacional. Apesar de não negar a influência da música eletrônica americana/europeia (principalmente depois do single “Na Sua Cara”, com Anitta e Major Lazer, e depois em seu disco Noitada), a identificação principal de Pabllo sempre foi com diferentes vertentes do brega brasileiro – da levada ágil e dançante do calypso, até o forró malemolente e faceiro. Esse tributo rendeu um lugar especial dentro de sua discografia, o Batidão Tropical – formato de disco que explorou não apenas músicas originais, mas novos arranjos de clássicos da Companhia do Calypso. Além de trazer seu brilho próprio, Pabllo lançou luz a estes populares gêneros musicais brasileiros com tamanha força que foi necessário mais um volume, lançado hoje.

Em Batidão Tropical 2, Pabllo traz um segundo volume de hits radiofônicos influenciados pelos ritmos envolventes e quentes que tornaram a primeira edição tão icônica. Mas, para além da estética sonora, há aqui um mergulho mais fundo dentro da cultura do tecnobrega. Além de novas versões de grandes sucessos de da Banda Calypso e Magníficos, ela encarna a cultura dos “hits internacionais em versão forró”, imprimindo charme e habilidade. É um trabalho que repete a essência do primeiro volume, mas a partir de um direcionamento mais consistente e condizente com sua trajetória. Mesmo após a explosão clubber Noitada, ela retorna às origens.

Para abrir a segunda coleção de hits, Pabllo Vittar escolheu “Pra Te Esquecer”, originalmente composta pela Banda Calypso e uma faixa que traz o poder contagiante do Pará. Em seguida, o sucesso “Listen To Your Heart”, do Roxette, é redesenhado para um tom brasileiro, sob o nome de “Pede Pra Eu Ficar” – auge da sofrência melódica do disco. “Me Usa”, originalmente composta pela banda Magnificos, ganha um arranjo mais mágico e com influências mais diretas de um pop eletrônico. Em “Não Vou Te Deixar”, Pabllo propõe uma nova versão da canção lançada por Gaby Amarantos – e a convida para fazer parte deste brega com toques de new age. “Faixa 8”, “Faixa 10” e “Faixa 14” trazem pequenos recados de Pabllo entre os momentos dançantes do disco, envolvendo o ouvinte para além de uma experiência puramente nostálgica. Por fim, vale comentar sobre o single “Ai Ai Ai Mega Príncipe”, regravação da banda Batidão e que dominou as redes sociais pela facilidade intuitiva de seu refrão – um dos talentos mais afiados da artista.

No segundo volume de Batidão Tropical, Pabllo retorna a um lugar familiar, mas que não necessariamente é o mesmo de antes. Ela amplia o leque de sonoridades, reafirmando a importância de suas referências do Norte e Nordeste sem, entretanto, deixar de trazer um toque pop certeiro e inconfundível.

(Batidão Tropical Vol. 2 em uma faixa: “Pede Pra Eu Ficar”)

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ARTISTA: Pabllo Vittar

Autor:

Produtor, pesquisador musical e entusiasta de um bom lounge chique