SLIFT é uma banda de rock francesa formada pelos irmãos Jean (guitarra, voz, sintetizadores) e Rémi Fossat (baixo), além de Canek Flores (bateria), amigo de colégio dos dois. O trio toca formalmente desde 2016, e ILION é o terceiro álbum completo da banda, que chega após o sucesso de UMMON (2020).
ILION é um monumento colossal em forma de rock progressivo, que varia entre o stoner e doom, contando a história de seres diante de um planeta desolado onde “motores queimam como milhões de sóis”. Sem refrãos repetitivos e enrolação, com músicas-mamutes de aproximadamente 10 minutos de duração, ILION é dinâmico e transita entre explosão e contemplação – como se a banda tentasse atingir, através da música, uma sensação cósmica de infinitude, ou algo assim, maior do que a experiência humana é capaz de compreender.
ILION te leva por uma montanha-russa guiada por guitarras distorcidas, em que “vozes trovejam como uma tempestade”. É possível perceber uma clara influência dos amigos Cedric Bixler-Zavala e Omar Rodriguez-Lopez na sonoridade do grupo, principalmente no projeto The Mars Volta, e também das épicas aventuras de King Gizzard & the Lizard Wizard e suas incansáveis viagens pelos gêneros musicais. Mas nem só de contemporâneos parecem vir as influências de SLIFT: o braço psicodélico dos irmãos Fossat possui uma genética distante vinda de clássicos como Black Sabbath ou até Pink Floyd, além de outras bandas paradigmáticas.
Dentro da esfera cultural, a narrativa apocalíptica está um pouco saturada, usada em demasia no cinema, na literatura e, é claro, na música. No entanto, o sentimento de enfarte em ILION parece justamente um jeito de descarregar essa angústia que vem com a sensação de fim do mundo. Em ILION, seres fantásticos se lembram de um planeta que existiu num passado distante e marcham num esforço de reconstrução.
(ILION em uma faixa: “WEAVERS’ WEFT”)
