Toda cena musical possui uma proporção de 10/1 a favor de gente que quase fez sucesso, que cravou um hit nas paradas e sumiu ou gente que manteve sempre um relativo êxito, sem nunca arranhar o superestrelato pop. Os anos 80 são pródigos em revelar essa grande massa de gente que quase chegou lá e o Blow Monkeys é um bom exemplo disso.
Ao lado de outras bandas que nunca atingiram o sucesso merecido, como Prefab Sprout, Aztec Camera, Deacon Blue Scritti Politti, entre outros que praticavam o chamado sophisti-pop, o Blow Monkeys tinha na figura do vocalista Bruce Robert Howard a sua força motriz. A sonoridade sempre foi elegante, cheia de sintetizadores, mas com guitarras que tentavam emular linhas funky light, baixo e bateria suingados e a necessidade de vocais que segurassem a onda com registro forte o bastante (no caso, o registro de Bruce Robert lembrava bastante George Michael). A banda emergiu da cena new romantic em 1984 com o primeiro disco, Limping For A Generation, sem chamar muito a atenção. Foi com o segundo trabalho, Animal Magic, que o Blow Monkeys ganhou mais visibilidade, com o sucesso de Digging Your Scene, mas, sobretudo no ano seguinte, por emplacarem a baladinha You Don’t Own Me na trilha sonora do filme Dirty Dancing.
Em 1987 eles lançaram seu melhor disco, She Was Only A Grocer’s Daughter, com belas canções como It Doesn’t Have To Be This Way, Some Kind Of Wonderful e Out With Her. A carreira da banda sustentou-se nas paradas inglesas até o início dos anos 90, com o lançamento de dois discos menores, principalmente Springtime For The World, que mudava o foco da sonoridade sofisticada de antes para um frankenstein de colagens de batidas eletrônicas, floreios de guitarra flamenca e um flerte constrangedor com o hip hop. Após o disco a banda se desfez e o vocalista Bruce Robert seguiu carreira solo como Dr. Robert.
Em 2007 a banda se reagrupou e retornou às atividades aos poucos, fazendo shows aqui e ali, além de um novo disco de inéditas, Devil’s Tavern, que passou batido no mundo inteiro. Em 2011 lançaram um novo disco de inéditas, Staring At The Sea e uma coletânea de hits. Voltaram neste ano com mais um novo trabalho, retomando sua sonoridade habitual, mas com o afago do tempo evidenciado. A faixa título mostra bem essa direção, assim como o hit That’s Not Right. Como presente para os fãs, Doctor Robert e cia colocaram um disco-bônus, com versões acústicas de sucessos oitentistas, feitas agora. Blow Monkeys está naquela categoria de bandas boas e discretas, esperando para serem descobertas. Caia dentro
