Resenhas

Tkay Maidza – Sweet Justice

Segundo álbum da artista australiana-zimbabuense percorre o rap, o R&B e o pop e se mantém autêntico e coeso

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Ano: 2023
Selo: 4AD
# Faixas: 14
Estilos: R&B, Pop
Duração: 44'
Produção: Farber, The Imports, Suero, Kaytranada, Flume

Sweet Justice é um disco de separação, mas não da forma com a qual estamos acostumados. Em seu segundo álbum, a artista australiana-zimbabuense Tkay Maidza se liberta de relacionamentos tóxicos, dúvidas internas e uma visão distorcida de si mesma. Mais do que um rompimento externo, há a cisão com crenças sobre si e a busca por expressar esse novo momento da forma mais plural possível. O resultado dessa quebra de crenças também aparece nas paleta sonora que a musicista expressa aqui: ela vai do R&B ao rap e passa pelo pop – e por onde mais desejar ir. Essa ambiciosa produção não se apega a gêneros ou rótulos e isso fica claro já com a dobradinha de introdução.

O novo registro chega ao público sete anos após sua estreia (Tkay) e parece, na verdade, o arremate da trilogia de EPs Last Year Was Weird (lançados entre 2018 e 2021), em que Tkay explora as possibilidades de sua música, flertando com gêneros como neo soul, house, entre outros elementos variados. Toda essa mistura, que poderia soar diluída ou sem foco, surge como uma tapeçaria sonora bastante impressionante e envolvente, que leva o ouvinte a inúmeros caminhos ao longo das 14 canções. Para ajudar a moldar essa eclética coleção de faixas, a artista conta com a colaboração de produtores como Kaytranada (em “Ghost”) e Stint (em “Won One”), além de seu conterrâneo Flume (em “Silent Assassin”).

Sweet Justice é diverso: vai para extremos como “WUACV” e “Ring-A-Ling”, de batidas pulsantes e letras provocativas, até faixas como “Love Again”, um R&B de nuances mais suaves e emotivas. O registro ainda passeia pelo UK Garage em “Won One” e um rap acelerado à la Tierra Whack em “Free Throws”. Uma jornada e tanto que ainda conta com a participação nomes como Lolo Zouaï e Amber Mark na contagiante “Out of Luck”, além de Duckwrth na dançante “Gone to the West”, colaborações que enriquecem a experiência auditiva, sem, entretanto, que a voz de Tkay seja eclipsada.

Um álbum que gira em torno de autenticidade, empoderamento e renascimento pessoal, Sweet Justice serve como uma nova apresentação da obra de Maidza – uma carta aberta de uma artista camaleônica e inventiva. Há a sensação de que nada está fora do alcance de Tkay – o que nos faz acreditar que ainda ouviremos muito o nome dela nos próximos anos.

(Sweet Justice em uma faixa: “Out of Luck”)

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ARTISTA: Tkay Maidza

Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts