Mais do que o resgate às coisas que já foram feitas, a nostalgia está em moda. O Craft Spells é mais uma banda que aderiu a esse movimento fetichista e, desta vez, trouxe de volta uma versão repaginada da New Wave. Esse disco parece ter sido lançado como sobras do Idle Labor (2011), estreia do grupo, porém ele consegue ir além deste trabalho em muitos aspectos.
Enquanto o primeiro álbum seguia uma linha mais sujinha e guitarrera, como a do The Pains Of Being Pure At Heart, Gallery tem suas inspirações mais voltadas pros anos 80 e com um som bem mais limpinho. Os elementos que estavam no primeiro continuam aqui, como as guitarras bem trabalhadas, o teclado e dinâmica entre instrumentos e a parte eletrônica, só que agora a poeira sonora vinda do Shoegaze foi embora, abrindo espaço pro mais puro Dream Pop.
Em suas seis músicas, o EP mostra certa inocência apaixonada em suas letras, evidenciada desde o começo com Still Left With Me. Com muito açúcar e afeto, o disco continua revelando uma sequência de canções que ficam entre confissões de amor e conflitos emocionais.
Ecos da Chillwave se fazem presentes no álbum também, por exemplo na dobradinha Burst e Leave My Shadow, que mantém o ritmo dançante, mas com as batidas mais calmas. A música que dá nome ao EP o fecha com arranjos sofisticados e guitarras etéreas.
Às vezes, essa euforia amorosa é exagerada demais, tornando Gallery um apanhado de romantismo adolescente. O quarteto de Seattle fez um EP que consegue expor melhor suas letras apaixonadas, afinal as sobras se saíram melhor do que as que foram para o primeiro disco.