As primeiras ideias que me vieram à cabeça ao ouvir a música de LANKS foram comparações a outros artistas. Todavia, longe de querer tirar os méritos de autenticidade do misterioso projeto protagonizado pelo australiano Will Cuming, me parece que constatar algumas equivalências de sua música com o cenário muscial do qual faz parte vai nos ajudar muito a entender e contextualizar qual é a essência de LANKS e seu Banquet.
Em primeiro lugar, me parece que LANKS é uma espécie de duplo de James Vincent McMorrow, pois, enquanto este último, irlandês, aposta em musicas quentes vindas de um ambiente campestre, cores tropicais e timbres agudos, o australiano aposta em climas frios do litoral, músicas mais introspectivas e nubladas. Ambos, todavia, pertencem ao mesmo universo, do Folk eletrônico etéreo, cheio de suavidade e melodias doces.
Outra ideia que me parece justa é equiparar Cuming a seu conterrâneo Nicky Murphy, mais conhecido por seu codinome-trocadilho Chet Faker. LANKS parece uma faceta mais modesta de Chet Faker, com um groove mais intricado e experimental, um R&B mais discreto, e uma projeção vocal mais conscienciosa, embora seja também um australiano que opta por uma carreira solo, amparado pelos loops eletrônicos.
Cuming, em seu próprio site, cita de cara três referências principais para sua música (além da herança do estilo Folk): as experimentações de Radiohead, a atmosfera espacial de Jamie xx e as multicamadas vocais de Bon Iver. Sim, é possível notar essas influências, principalmente na vertente herdada de Justin Vernon, mas LANKS pertence a outro universo, mais discreto, frio, elaborado por uma geração mais nova, independente, que flerta com a música eletrônica sem pudores e é amante das sutilezas melancólicas do Folk.
Banquets é muito belo e envolvente, além de uma experiência relativamente rápida (são apenas seis faixas que somam pouco mais de 20 minutos de duração). Altamente recomendável.
