Little Boots não poderia ter arranjado um nome melhor do que Working Girl para seu terceiro trabalho. O que dá o tom aqui é a trajetória pessoal da própria artista, que, pela primeira vez, se afasta das grandes gravadoras e resolve lançar um álbum de forma independente, pelo seu próprio selo, chamado On Repeat.
E a inglesa Victoria Hesketh resolveu deixar isso bastante claro. Logo de cara, em Working Girl, nos deparamos com uma faixa de introdução em forma de conversa telefônica (embora um pouco ressentida e quase passivo-agressiva) que justifica o afastamento da artista das questões administrativas das grandes gravadoras em nome de sua personalidade. Para tal, precisou botar a mão na massa, logo, Working Girl
O conflito entre artista e estrela do Pop sempre foi presente na carreira de Little Boots. Surgindo num cenário ao lado de Lady Gaga e La Roux, por exemplo, Hesketh sempre precisou se equiparar aos grandes nome da indústria ao mesmo tempo em que defendia sua personalidade individual.
O resultado, sonoramente, embora mantenha sempre o ritmo acelerado e as batidas em primeiro plano, aponta para um afastamento do clima tão elétrico e festivo de antes e se aproxima mais de um aspecto mais nostálgico e sofisticado. Não que o Pop não seja o carro chefe de Working Girl, mas, se antes Little Boots se aproximava mais de Britney Spears e Madonna em Hard Candy, aqui, a mistura entre Human League e Madonna em True Blue está mais evidente.
Contando com a ajuda de boas influências, como Com Truise e Ariel Rechtshaid na produção, e enfrentando uma luta comum para muitas estrelas do Pop ao tentar se destacar além de um mero produto, Little Boots parece andar no caminho certo com a independência de Working Girl. Enquanto isso, vai emulando sua carreira tal qual Kylie Minogue em todas as suas dinâmicas.