Resenhas

Ella Eyre – Feline

Cantora inglesa tem estreia promissora

Loading

Ano: 2015
Selo: Virgin - EMI
# Faixas: 14
Estilos: Pop, Alt-R&B, Eletrônica
Duração: 46:21
Nota: 3.0
Produção: Jarrad Rogers, Ilya, Oscar Görres, Alexander Kronlund, DJ Fresh e Sigma

Ella McMahon, conhecida internacionalmente como Ella Eyre, tem apenas 21 anos de idade e dois de carreira. Era uma moleca quando surgiu para o mundo e quando colocou sua interessante voz em Waiting All Night, colaboração com o combo Eletrônico Rudimental em 2013. Mais que uma vocalista estreante, a presença de Ella conferiu destaque e personalidade suficientes à canção, que levou um Brit Award como single do ano e abriu portas para a menina. Pouco tempo depois, lá estava Ella, novamente emprestando seus dotes vocais, desta vez a DJ Fresh, abrilhantando a faixa Gravity. A continuação natural disso seria, é claro, seu primeiro álbum.

Feline, assim como grande parte dos discos de novas vozes ao redor do mundo, pende para a Eletrônica pura e simples, visita de leve tinturas R&B e mergulha fundo no Pop dançante, feito sob medida para as pistas e baladas ao redor do mundo. Falta identidade, claro, falta um pouco de novidade e mesmo uma alternativa a este padrão, mas o resultado sempre vem com qualidade satisfatória em termos de produção e performance de palco, mas, em termos artísticos, não disfarça o cheiro de produção industrial e a relevância de um hamburger de fast food em termos de sustância musical, no sentido de se ouvir um artista que tenha as credenciais mínimas para sobreviver a, digamos, um mês ou dois de audições.

A culpa não é de Ella, que tem um timbre vocal interessante, uma imagem multirracial legal e essa vibração de programa inglês de culinária atual, tipo Rachel Khoo, que mostra uma Londres colorida, alegre, saltitante e plural, cheia de gente que ganha a vida simplesmente desfilando pelas ruas com figurinos que geram tendência e que tiram fotos e desenham pontos peculiares da urbe. É eficaz e sintoniza muito bem com quem está ouvindo música agora, sem compromisso, a fim apenas de dançar um pouco e ouvir algo com o qual não precise se preocupar tanto.

Ella vem num processo de lançamento de singles para antecipar a chegada do álbum e já soltou quatro faixas, sem mencionar Gravity, que está na lista de canções. If I Go veio primeiro, em julho de 2014, com arranjo interessante, com menos eletrônica do que se supunha, capaz de sustentar uma levada Pop clássica e interessante. A boa Comeback veio em seguida, dois meses depois, com boa pegada dançante à moda antiga, sem correria e pinta de exercício de aeróbica, além de boa visão da produção em termos de refrão e alquimia entre instrumentos convencionais e programações eletrônicas, além da bela performance vocal de Ella, com pinta de quem tem mais que 20 anos de idade e raivinha de menina ao vociferar “let tha motherfucker burn” para o desafortunado interlocutor da canção.

Together chegou em maio deste ano, mais lenta e climática, com clipe que mostra Ella e seus amigos como se estivessem num comercial de refrigerante, mas com uma boa canção no geral. Com batida interessante e efeitos diversos, é outra boa abordagem do Pop mais radiofônico, menos dançante, mais melódico e detalhado, mas que está longe de ser lento. Já o single mais recente, Good Times, é mais dada a singrar os mares da música negra, mas uma versão ultra-extra-uber contemporânea. O clima do clipe de lançamento é pra cima, colorido, totalmente de acordo com a artista jovem e simpática que surge nesta jovem menina. Ainda que o resultado das outras canções não seja tão bom, ter quatro singles na média da boa música é algo a celebrar e podemos pensar que Ella Eyre é um nome bem credenciado para apostarmos.

Loading

BOM PARA QUEM OUVE: Jess Glynne, Rudimental, Lauryn Hill
ARTISTA: Ella Eyre

Autor:

Carioca, rubro-negro, jornalista e historiador. Acha que o mundo acabou no meio da década de 1990 e ninguém notou. Escreve sobre música e cultura pop em geral. É fã de música de verdade, feita por gente de verdade e acredita que as porradas da vida são essenciais para a arte.