Here We Go Magic está claramente em outro momento da carreira, como mostra seu quarto álbum, Be Small, e talvez essa mudança tenha acontecido de uma maneira mais interessante do que alguns fãs conseguirão notar dentro de sua perspectiva de envolvimento com a banda.
Uma impressão ao ouvir o disco é que algumas das características do som que o grupo faz desde seu disco homônimo de 2009 foram reunidas agora em onze faixas que seguem algumas tendências muito próprias dessa temporada não como uma escolha estética que prima pela relevância, mas porque essas qualidades sempre existiram na banda e foram apenas enaltecidas nesse lançamento.
Isso tem a ver principalmente com o clima “radiofônico” que as músicas tem em um sentido mais nostálgico – aquele som que nosso imaginário remete à rádio de antigamente, ou às estações que hoje concentram sua programação na música de outras décadas. É menos um Folk torto, quase Psicodélico, e mais um Indie Pop encharcado de sintetizadores – em outras palavras, é menos Grizzly Bear e mais Tame Impala em Currents.
E aí é que está, essas características sempre estiveram em Here We Go Magic como pano de fundo e foram apenas trazidas para a frente em Be Small. O problema disso é revelado quando você ouve Ordinary Feeling – uma faixa mais aos moldes do que a banda sempre fez – e percebe o quanto ela é superior às demais do disco.
Correr o risco de uma mudança no eixo principal do som é uma tarefa muito mais segura quando ela acontece dentro de um contexto de alta popularidade (como esse som sintetizado e nostálgico está em alta hoje). Misturadas a várias faixas antigas, porém, esse lado nostálgico, reverberizado e sintetizado de sua obra salta aos ouvidos.
Na hora de ouvir o disco, contudo, vale é perceber o quanto músicas como a faixa-título vem em um nível de qualidade que já esperávamos da banda, que soube colocar sua experiência à prova e, mesmo em uma obra que deve ser menos celebrada por seu público, mostrar seu valor.
