Resenhas

Henrique Cunha – My Way Out Of Sin

Disco solo de integrante da banda Câmera é sensível e instrospectivo

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Ano: 2015
# Faixas: 7
Estilos: Post-Rock, Ambient Music, Folk
Duração: 29:06
Nota: 4.0
Produção: Leonardo Marques

A introspecção é uma das maiores qualidades de Henrique Cunha. Conhecido por integrar o poético e quente Câmera, o compositor mineiro sempre se mostrou disposto a investigar sonoridades que refletissem seu ponto de vista intimista e extremamente sensível aos mistérios do “eu” em músicas que vasculham os intermináveis labirintos criados por nosso fluxo de pensamentos, que se alternam entre estados de felicidade e tristeza. É justamente nessa última emoção que encontramos a nova inspiração, ou, melhor dizendo, o novo universo de Henrique para o lançamento do seu primeiro trabalho solo, My Way Out Of Sin.

Este disco narra um momento único no qual Henrique, ao invés de confrontar a tristeza, senta para conversar frente a frente com ela. Um diálogo envolto de intensos confrontos emocionais e uma clara demonstração da sensibilidade única do músico, que utiliza umas séries de referências para dar maior dinamismo ao disco. Assim como a tristeza, é um disco multifacetado em que cada uma das sete faixas provoca uma reflexão diferente sobre este sentimento tão comumente associado a estados de espíritos depressivos.

São trabalhados desde riffs melancólicos que evocam objetividades mais Folk, passando por retratos etéreos e bem construídos de Post-Rock/Ambient Music, até chegar a violências não tão explícitas em sonoridades mais vinculadas ao Shoegaze. Tudo isso, é claro, misturado com uma dose de experimentalismo que evita separar os instrumentos musicais em caixinhas bem distintas: aqui, tudo pertence ao mesmo espectro e, auxiliado pela afiada produção de Leornardo Marques, temos um disco extremamente coeso que transmite integralmente o diálogo ocorrido entre Henrique e sua companheira tristeza.

Henrique Cunha mostra uma nova forma de relação com esses sentimentos menos animados. Deles, o artista tira excelentes sonoridades e, por que não dizer, ensinamentos em forma de música. Um trabalho extremamente bem produzido que contém uma identidade muito forte, fruto de um trabalho instrospectivo e humano em um processo investigativo que transcende a música.

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BOM PARA QUEM OUVE: Bruno Berle, Bibio, Deerhunter

Autor:

Produtor, pesquisador musical e entusiasta de um bom lounge chique