Após um retorno interessante e corajoso enquanto projeto de um homem só em Keep Me Posted, Venus Volt, representado por André Pellegrino, dá as caras novamente em 2016. Bipolar é um curto EP, bem produzido e direcionado ao Indie Rock, que derrapa quando tenta criar mais do mesmo.
Acordes rápidos dão o tom de faixas como Says Who e Outta My Head deixando refrões pegajosos presos no subconsciente após seu término. No entanto, em ambos os casos, sentimos que a sonoridade parece de certa forma datada e nostálgica sem que os períodos referenciais – começo dos anos 2000 e a explosão do Indie Rock – tenham se tornado simples memórias. É o estilo sendo recriado sem que tenha saído de voga e, por isso, acaba não surpreendendo.
Ao mesmo tempo, se André soube explorar outras nuances do Rock Alternativo em seu trabalho anterior, o mesmo ocorre em Bipolar. A largada e aberta balada Beautiful tem uma bela melodia e consegue se aproximar do Brit Pop com um gosto mais doce ao fim. Já a faixa título é o único momento em que o EP parece mostrar um caminho certeiro. Guitarras cristalinas e uma introdução cinematográfica poderiam deixá-la como a música de abertura desse trabalho, seguida de outras canções no mesmo formato. Bonita, eficaz e instrumental, mostra que o trabalho deveria ser mais focado em contar uma história ao invés de uma coleção de contos.
Logo, Bipolar acaba sendo refém da multidisciplinaridade de André e abre espaço para diversas indagações quanto a referências musicais do músico. Nos faz pensar também para onde vai o seu projeto, ao invés de nos mostrar um caminho que parecia começar a ser trilhado sozinho anteriormente. A sua produção impecável e eficiente acaba por fim mostrando um trabalho sem muita essência e carente de um objetivo, mas com alguns bons momentos que podem se tornar mais frutíferos no futuro.
