Resenhas

Domo Genesis – Genesis

Membro do coletivo Odd Future continua em busca de sua própria identidade

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Ano: 2016
Selo: Odd Future Records
# Faixas: 12
Estilos: Hip Hop, Rap, R&B
Duração: 42:37
Nota: 2.5

Explicar o impacto do aparentemente extinto coletivo de Hip Hop Odd Future para a música contemporânea pode ser uma tarefa complicada. Mas, para começar a entender sua relevância, basta olhar para sua lista de membros, que contou com nomes como Frank Ocean, Tyler, The Creator, Earl Sweatshirt e Syd (The Internet). Muitos deles integrarão futuras listas de melhores discos e faixas no final desta década e ajudaram a construir o que conhecemos como o Hip Hop e o R&B de hoje.

Como em qualquer coletivo, nem todo nome conquista o mesmo nível de atenção e Domo Genesis parece ter consciência disso ao longo de seu primeiro álbum, Genesis. Este trabalho dá sequência às mixtapes já lançadas pelo músico, mas é formatado mais comercialmente com uma produção mais caprichada, temáticas mais complexas e participações importantes na tentativa de finalmente conquistar seu espaço na elite do estilo.

O álbum começa muito bem com a melodia deliciosa e contagiante de Awkward Groove. Numa música com jeitão de primeira faixa, o rapper versa com personalidade e já introduz a primeira boa participação especial com os vocais de Samantha Nelson e Carmel Echols. A impressão aqui é que Domo Genesis apostaria em batidas mais constantes e na construção de um clima, algo mais pé no chão e dançante como The Internet, mas conseguindo encaixar seu Rap muito bem. A sequência com One Below completa a boa introdução do disco com as mesmas boas características já apresentadas.

Os problemas começam a aparecer a partir daí. Com exceção talvez de Dapper (com participação de Anderson .Paak, provavelmente o maior destaque do ano no estilo) e All Night, que consegue repetir o bom flow do início do disco, todas as faixas são muito esquecíveis. Domo Genesis parece ser um músico com boas ideias e ótimas referências, mas ainda parece lhe faltar sensibilidade como executor e criador.

As melodias parecem não ajudar os versos, na verdade, a impressão que algumas faixas passam, é de que a produção destas batidas não eram nem de longe prioridade na composição do disco. Vale reparar no piano de Wanderer, sem vida, repetitivo, que se encaixaria em qualquer canção genérica de um cantor romântico popular. Coming Back e Faded in The Moment seguem o mesmo caminho, parecem ter sido finalizadas com melodias prontas vendidas a granel.

Genesis poderia servir como um ótimo disco introdutório para quem quisesse entender o que é o Hip Hop hoje. Sua produção é suave, acessível, anda no limite entre o Rap e o R&B e suas letras, – apesar de ainda se concentrarem muito e de forma superficial no efeito das drogas – tratam de temas universais e de fácil identificação como relações familiares, ambição, sonhos e incertezas.

No entanto, com este objetivo, fica difícil imaginar porque alguém escolheria Genesis ao invés de Channel Orangeou Malibu – para citar apenas dois objetos de comparação mais óbvios. Domo Genesis parece ainda não ter encontrado sua linha e tenta abraçar tudo de uma vez só. Isto não seria um problema se, como os nomes já citados neste parágrafo, isso fosse feito com muita personalidade e com faixas memoráveis de qualidade inquestionável, o que não é o caso.

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ARTISTA: Domo Genesis
MARCADORES: Hip Hop, R&B, Rap

Autor:

Nerd de música e fundador do Monkeybuzz.