Resenhas

Minus The Bear – VOIDS

Novo álbum da banda americana avança pouco

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Ano: 2017
Selo: Suicide Squeeze
# Faixas: 10
Estilos: Rock Alternativo, Pop Alternativo, Rock
Duração: 46:08
Nota: 2.5
Produção: Sam Bell

Estamos aqui terminando mais uma audição deste sexto álbum dos norte-americanos Minus The Bear e podemos confirmar algumas verdades inconvenientes. VOIDS é produto típico do lado desprestigiado do que entendemos por Rock nestes dias de segunda década do século 21. É um compêndio de dez canções muito parecidas, cheias de uma guitarra grudenta (no pior aspecto do termo), advinda do chato Math Rock, com melodias burocráticas, vocais à meia bomba e uma irritante tendência para a dramaticidade superficial. Em outras palavras, amigos, é um disco chato. Vamos entender os motivos.

As questões sentimentais que servem de motivo para a maioria das letras deste pessoal estão na prateleira onde se lê o rótulo “White People Problems”, na base de carências afetivas rasas, tristezinha de smartphone que demora a disparar o aplicativo de conversa, coisas assim. O limite dos arranjos é a fronteira entre este Rock anoréxico com zero criatividade e o Emo deturpado, que preenche os momentos de “catarse” que algumas faixas parecem ter. Claro, nada errado em falar de sentimentos, ainda que estes padrões mencionados não sirvam bem para os aspectos mais doídos e sofridos do campo das carências e mágoas em relação ao parceiro/amigo/mundo, mas o grupo entrega arranjos e canções de forma burocrática e acomodada.

O som praticado por Minus The Bear, uma banda que já tem cinco álbuns no currículo e mais de quinze anos de rodagem é surpreendentemente magro e pouco criativo. As canções pegam emprestado referências de vários setores, não obtendo nada novo, ficando a meio caminho de qualquer um deles. Há poucas exceções ao panorama desolador: Robotic Heart parece ter mais sangue nas veias que as outras faixas do disco, mas abusa dos malabarismos vazios de bateria, que dão origem a um andamento de anda-e-para, ajudado pela guitarra, que dificultam bastante a observação das virtudes da música. Last Kiss, a faixa de abertura, também ilude o ouvinte, acenando com um ritmo que tangencia algo próximo ao Funk talkingheadiano, mas sai pela tangente no arranjo sem criatividade.

Outro momento de acerto está em Silver, que tem andamento linear e pedigree de Pós-Punk inglês oitentista, sendo um raro caso em que a banda não tenta complicar o arranjo e enfiar guitarrinhas onipresentes e gritarias sem razão de existência. A canção corre naturalmente para o mar e desponta como o maior acerto de VOIDS, com direito, inclusive, a um belo solo de guitarra perto de seu fim. O resto do álbum é esquecível, frouxo e sem atrativo para quem não é fã da banda. Até quem admira os sujeitos notará uma queda de poder de fogo por aqui.

Para uma banda com tempo de estrada, Minus The Bear mostra-se sem atrativos e sem criatividade. Não tem tantos sucessos e acertos em seus álbuns anteriores para dar-se ao luxo de lançar um conjunto de dez faixas fracas. Vamos acender a luz amarela, galera.

(VOIDS em uma música: Silver)

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Autor:

Carioca, rubro-negro, jornalista e historiador. Acha que o mundo acabou no meio da década de 1990 e ninguém notou. Escreve sobre música e cultura pop em geral. É fã de música de verdade, feita por gente de verdade e acredita que as porradas da vida são essenciais para a arte.