Certamente você já escutou alguns discos em que somente uma música conseguia resumi-lo completamente, seja pelo teor lírico, pelas características sonoras ou até mesmo pelo nome, essa faixa consegue ser o ponto médio entre todos estes extremos. Com o terceiro disco do chileno Matias Aguayo acontece exatamente isto. Una Fiesta Diferente não só é esse tal ponto referencial de The Visitor, como também o principal caminho pelo qual ele segue. Deixando mais claro: o novo álbum do músico é sim uma festa e, digamos, bem diferente. Ao apresentar uma infinidade de elementos, ele acaba por se tornar um saladão Pop, que por mais bagunçado que possa se tornar, se mostra extremamente divertido.
Juntando muitas sonoridades latinas e tendências eletrônicas, o músico chileno mostra que os quatro anos que separam esta obra de Ay Ay Ay (2009) foram extremamente produtivos e de grande experimentação. Além de ter visitado vários países durante a turnê deste álbum, Matias ainda foi convidado a participar de obras dos mais variados gêneros: Math Rock (Battles), Techno (Daniel Maloso) e Eletrônico Experimental (Baio); o que de certa forma parece ter impactado em sua nova obra, que não só prima pela maior qualidade na produção em si, como trabalha e brinca com os mais variados estilos. Essa variedade também pode ser confirmada pela alternação da língua que conduz as faixas: às vezes se apropriando do inglês outras do espanhol. E isso só contribui para a sensação de total desprendimento do músico.
Extremamente dançante (e até as faixas mais esquisitas do disco são voltadas as pistas), The Visitor já se mostra animado desde a abertura, com Rrrrr. Repleta de batidas fortes, sintetizadores em loop e vocais caricatos, a música pode causar certo espanto em quem não é acostumado com as excentricidades de Aguayo, mas ela também já prepara o ouvinte para as demais que virão pela frente. Mais dessas peculiaridades serão vistas em Dear Inspector (em uma experimentação à la Animal Collective), no trava línguas de El Sucu Tucu, na extrema latinidade El Camarón e ainda na batuquenta e hipnótica Levantate Diegors. E um efeito interessante do disco é que ele se torna mais amigável exatamente nessas faixas em que ousa mais.
Se “caótico”, foi o melhor adjetivo que você achou para descrever The Visitor, não se assuste, pois essa sempre foi a maneira do músico trabalhar e aqui não seria diferente. De fato esse é um disco aventureiro e que explora tantas sonoridades ao ponto de às vezes perder seu foco, mas que ainda assim garante uma audição interessante ao ouvinte. O que no fim das contas parece ser o maior problema do álbum é que Matias se diverte mais durante a produção do álbum do que o ouvinte durante sua audição.
Matias Aguayo – El Sucu Tucu
Matias Aguayo – Levantate Diegors
