Resenhas

Big Star – Nothing Can Hurt Me

Trilha de documentário traz o som de uma banda excelente para o público de hoje, com raridades e faixas novamente mixadas para o disco

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Ano: 2013
Selo: Omnivore
# Faixas: 21
Estilos: Rock, Folk Rock
Nota: 5.0

Se você nunca ouviu falar em Big Star, pare de ler aqui mesmo e vá agora procurar os três discos da banda para se informar devidamente. Já achou os álbuns? Ouviu pelo menos os dois primeiros? Agora sim, podemos continuar.

A lendária banda de Memphis, Tennessee, forjou, talvez sem querer totalmente, a base sonora para um enorme número de conjuntos e artistas que vieram, ao longo dos anos 70, 80 e 90, pavimentando um caminho que unia a doçura Beatle e o amargo do desencanto pós-hippie a um certo flerte urbano com Soul e Country, como se não fosse possível evitar suas presenças. Gente como Teenage Fanclub, Jeff Buckley, R.E.M., The Replacements, Wilco, Jayhawks e Elliott Smith, entre muitos outros, vieram, com apropriações aqui e ali, tentando recriar sua própria versão dessa sonoridade tristonha-mas-luminosa que Big Star criou.

Apesar da beleza cortante de discos como #1 Record, Radio City e Big Star Third/Sister Lovers, a banda jamais decolou ou fez sucesso em seu tempo. Suas canções permaneceram privilégio de poucos e bem informados fãs, que mantiveram o nome falado aqui e ali. Para que essa lacuna terrível seja preenchida para sempre, um documentário chamado Big Star: Nothing Can Hurt Me, tem estréia prevista nos cinemas do Hemisfério Norte ao longo deste ano (devemos rezar para que algum festival nacional o inclua em sua programação). Dessa forma, a história do encontro de Alex Chilton, ex-soulboy dos Box Tops, com o guitarrista/trovador Chris Bell, trazendo o choque de visões distintas e/ou opostas pelo vértice, que deu origem à banda, será de conhecimento do maior número de pessoas possível. Além deles, Jody Stephens e Andy Hummel, na bateria e baixo, respectivamente, completavam a formação clássica e inicial da banda. Bell morreria em 1978 num desastre de automóvel, jamais testemunhando qualquer indício de sucesso em sua carreira.

A revista Rolling Stone incluiu os três discos do Big Star em sua lista de 500 álbuns de todos os tempos e, em termos críticos, a justiça já começa a ser feita. Esta trilha sonora é um verdadeiro tesouro, complemento perfeito para a caixa quádrupla, Keep On Eye In The Sky, lançada em 2009, que cobria toda a carreira da banda, além de trazer gravações inéditas ao vivo. Esta nova compilação traz mixes novíssimos, feitos especialmente para o documentário, como Better Save Yourself, I Am The Cosmos (Chris Bell solo), September Gurls e All We Ever Got Was Pain, além de mixes alternativos e inéditos para clássicos como Thirteen, The Ballad Of El Goodo, uma demo crocante de O My Soul e outras belezas, num total de 21 faixas.

Essa trilha pode servir como sua porta de entrada para o mundo do Big Star e sua saga nas margens do sucesso e reconhecimento. É uma jornada de dor e redenção, mas que merece ser do conhecimento geral tamanha a beleza e importância da música que esses sujeitos criaram.

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BOM PARA QUEM OUVE: Elliot Smith, The Replacements, R.E.M.
ARTISTA: Big Star

Autor:

Carioca, rubro-negro, jornalista e historiador. Acha que o mundo acabou no meio da década de 1990 e ninguém notou. Escreve sobre música e cultura pop em geral. É fã de música de verdade, feita por gente de verdade e acredita que as porradas da vida são essenciais para a arte.