Os irmãos Brian e Dick Cooper, naturais de Ontario, na parte inglesa do Canadá, estão longe – inclusive geograficamente – do ambiente mais propício para o gênero que se convencionou chamar de southern rock. Essa lógica geográfica, felizmente, foi quebrada logo na origem, lá nos anos 60, quando canadenses malucos formaram bandas como Buffalo Springfield, The Band, entre outras. Mesmo que essas formações não fizessem exatamente southern rock, foram capazes de decodificar as senhas para uma sonoridade extremamente americana, conectada com os mitos e tiques nervosos da América. Os Cooper Brothers, foram mais longe.
Em 1973, os Cooper deram início aos trabalhos, lançando uma sequência de bons singles. Após quatro anos labutando na estrada e no circuito local de Ontario, foram contratados pela influente Capricorn Records, a mesma que tinha em seu cast a Allman Brothers Band. Com o suporte e o prestígio do novo selo, a banda ganhou novo fôlego e dimensão. Vieram então os primeiros discos, Cooper Brothers (1978) e Pitfalls Of The Ballroom (1979), que fizeram bonito entre motoqueiros, cowboys do asfalto e hippies tardios em geral. Hits como The Dream Never Dies, Show Some Emotion and I’ll Know Her When I See Her tiveram boa carreira nas paradas de sucesso e a banda percorreu o país abrindo para gente como Doobie Brothers, Black Oak Arkansas, Joe Cocker, Charlie Daniels, Atlanta Rhythm Section, McGuinn, Clark and Hillman e Seals and Crofts.
Tudo parecia muito bem quando a Capricorn fechou suas portas em 1980, deixando os irmãos Cooper sem teto musical. Eles davam início às gravações do terceiro disco e tiveram que concluí-las com custeio próprio e, mesmo assim, Reach For The Sky (o nome escolhido para a terceira bolacha) nunca viu a luz do dia. Desabrigados e numa época em que o rock era entendido como pós-punk e new wave, além do desgaste natural com as despesas e a estrada, os irmãos encerraram as atividades logo depois.
Após 23 anos fora dos palcos, os irmãos Cooper se reuniram por conta do lançamento de uma coletânea de hits, The Best Of Cooper Brothers, que os colocaria novamente na ativa. Em 2010 soltaram o primeiro disco inédito em 27 anos, In From The Cold e retornam a pleno vapor com este brejeiríssimo Southbound. A idéia dos sujeitos é tocar, cantar e agir como se estivessem em meados da década de 1970. Se bandas mais novas como My Morning Jacket e Fleet Foxes podem, por que não poderiam os velhos canadenses? Surgem belezuras no meio do caminho como a faixa título, abrindo os trabalhos, além da empoeiradas canções da estrada como Bordertown, Maybe This Is The Night e The Last Time I Saw Georgia sem falar na placidez da balada derrama Love’s Been A Stranger. Rock bem tocado, sem firulas, com belas harmonias vocais e sem contra-indicações.
