Resenhas

Jonathan Rado – Law and Order

Músico da banda Foxygen faz confusão e cria disco com qualidades boas e ruims pelos motivos errados

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Ano: 2013
Selo: Woodsist
# Faixas: 12
Estilos: Rock Psicodélico, Pop Experimental, Folk Psicodélico
Duração: 45'
Nota: 3.0
Itunes: http://clk.tradedoubler.com/click?p=214843&a=2184158&url=https%3A%2F%2Fitunes.apple.com%2Fbr%2Falbum%2Flaw-and-order%2Fid66

Law and Order é um álbum muito fora do lugar e seu eixo está tão deslocado que o disco é bom e ruim pelos motivos errados. O que Jonathan Rado parece ter tentado fazer é um grande exercício de apropriação dos sons lá de décadas atrás, assim como faz em sua Foxygen, mas se deixou atropelar por maneirismos e, no meio do deslize, esbarrou em algumas composições mais do que apenas boas. Daí, ouvir o registro é quase como dirigir por uma estrada esburacada com uma paisagem fascinante.

A Seven Horses da abertura é uma grande prova disso. O órgão está no lugar certo e a desafinação do vocal é um charme do qual poderíamos abrir mão, enquanto a música por si só não é nada demais. Ela emenda na mais que simpática Hand in Mine, que poderia ser uma faixa-bônus que Edward Sharpe & The Magnetic Zeros esqueceu de colocar em seu último disco. Sem muitos enfeites, a composição simpática não precisa se esforçar para ganhar nossa atenção.

O pêndulo novamente se mexe e Looking 4a Girl Like U traz um dos momentos mais tediosos de toda obra. É uma música como tantas outras que conhecemos e gritos desnecessários brigando com os instrumentos pelo primeiro plano. Não precisava, Rado. Ainda mais quando a seguinte, Dance Away Your Ego vem novamente sem inovações, mas, pelo menos, sem tentar nos convencer de muita coisa. “Menos é mais”, ela parece nos sussurrar entre seus acordes.

A melhor sequência do disco começa logo depois: I Wood vem com os ruídos nos lugares e medidas certos, Faces explica por si mesma porque foi escolhida para ser a primeira música do álbum a ser apresentada, já que é uma das que digerimos mais facilmente, Oh, Suzanna! tem uma progressão quase ingênua e é a mais orgânica e de todo o disco, enquanto a última da sequência, All the Lights Went Out in Georgia, é uma baladona lisérgica daquelas de ouvir com os olhos fechados.

E elas chamam a atenção pela estética vintage? Não, elas agradam por serem boas músicas mesmo. É nessas quatro que o estilo sessentista mais parece natural e não forçado. Ele é apenas o meio, não o produto final. I Wanna Feel It Now, continuando o álbum, é divertida e bem construída, só não tem muito carisma, funcionando mais como um novo fôlego entre a anterior e Would You Always Be at Home tem chances de arrancar seu sorriso mais largo de todo o disco – não por seu aspecto Lo-fi, mas por ser bem divertida mesmo.

Depois dela, o trabalho prossegue com a morna faixa-título, que desemboca na derradeira Pot of Gold, que encerra a obra apontando para o futuro, já que avança alguns anos nas referências e traz batidas eletrônicas e pegada oitentista, o que não só destoa muito do resto, mas o vocal novamente desafinado e a construção dissonante, principalmente na desastrosa conclusão, dão a impressão de alguém que está se empenhando demais para nos mostrar alguma genialidade, mas derrapa na pista e acaba o disco sem o sorriso que outras faixas aqui nos dão.

O saldo é positivo, mas dá mais vontade de ouvir músicas isoladas do que o álbum por inteiro. Faltou a noção de que é mais importante investir nas composições do que na ambientação. E se o momento de ser vintage é agora, fica a impressão de que as boas faixas vieram na hora errada, justamente por estarem tão mal acompanhadas.

Jonathan Rado – Faces

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Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.