Resenhas

Melvins – Tres Cabrones

30 anos de carreira e muitos discos nas costas fazem com que este novo trabalho se torne irrelevante e de certa forma comodista na mais nova empreitada do grupo

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Ano: 2013
Selo: Ipecac
# Faixas: 12
Estilos: Metal, Experimental, Rock
Duração: 44:53
Nota: 2.5
Produção: Melvins

Para uma banda com 30 anos de idade, reinventar-se é o maior desafio. Como um casamento estabilizado, sem grandes emoções ou surpresas, a música já se tornou o seu ofício completamente, as raízes estão fincadas e a grama do vizinho fica cada vez mais verde. Tédio é o complemento da rotina, preenche espaços inexplorados e que não conseguem se mover diante da inércia. Ao chegar ao seu 19º disco, Melvins está longe de seus melhores momentos – pode-se dizer que está em sua zona de conforto.

Tres Cabrones não impressiona, mas tampouco chega a decepcionar. As faixas seguem o costumeiro humor do grupo e a ironia permeia toda obra. Com algumas músicas que já haviam sido lançadas anteriormentes no vinil 1983EP, o ineditismo se perde mais ainda o que para alguns pode soar quase como uma releitura passada. No entanto, vemos canções que nos lembram os velhos e novos tempos de uma extensa discografia e divertem sem compromisso.

O metal Dr Mule, o Rock pesado de City Dump ou Industrialismo psicodélico de American Cow não apresentam nada de novo. São divertidos porque é a música que esperávamos destes já senhores. Se você desconhece o som do grupo, vai encontrar aqui referências que viriam posteriormente no Foo Fighters, Tenascious D e até Queens of the Stone Age.

Os melhores momentos ficam resumidos nas curtos, porém engraçadíssimos, cânticos de bar, bem rústicos como se imaginados em uma taverna antiga – Tie My Pecker to a Tree, 99 Bottles of Beer e In the Army Now. A abertura para o experimentalismo surge muito bem na épica Dogs and Cattle Ponds, progressiva, pesada e no Metal de raiz, Psychodelic Haze. No entanto, a obra inteira não chega a realmente cativar o ouvinte durante muito tempo e se mostra descartável até certo ponto. Sua diversão é efêmera, mas que deve encontrar algum sentido nos headbangers que se mostram sedentos por algum som que reviva o espírito do Metal das antigas. Com uma simpática cabra na capa, não precisamos mais no preocupar em levar a sério o Melvins, pois seu respeito já foi adquirido com tantos anos de serviço à música. Depois de um certo tempo de união, o comodismo chega a ser compreensível e tudo bem, conseguimos nos divertir juntos mesmo que só às vezes.

Melvins – City Dump

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Autor:

Economista musical, viciado em games, filmes, astrofísica e arte em geral.