Resenhas

Ari Lennox – age/sex/location

Segundo disco da cantora americana mantém dialogo com o que há de melhor no R&B contemporâneo, abrindo espaço para sutis influências dos anos 1990

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Ano: 2022
Selo: Dreamville/Interscope
# Faixas: 12
Estilos: R&B, Alt R&B
Duração: 41'
Produção: Bryan-Michael Cox, Cardiak, Dre Pinckney, DZL, Elite, Ibrahim Hamad, J. Cole, Jermaine Dupri, J. White Did It, LOXE, Michael Bearden, Organized Noize, Ron Gilmore, Slimwav, Theo Croker, Tim Suby e WU10

Se você ouviu Shea Butter Baby, álbum com o qual Ari Lennox inaugurou sua discografia em 2019, notará que age/sex/location não é lá tão diferente de seu antecessor. Sorte a nossa. Todas aquelas características que formaram um disco tão interessante quanto divertido, e que estabeleceram a cantora como uma artista marcante na voz e na personalidade, estão de volta em mais 12 faixas que dialogam diretamente com o que o R&B contemporâneo tem de melhor.

São músicas muito aproveitadas por ouvintes versados no que os anos 1990 deu ao gênero (o que, muito provavelmente, a cantora de 31 anos escutava na infância e adolescência), como TLC e Aaliyah, assim como por quem hoje acompanha gente como Solange e Amber Mark. É um som que flerta com uma vertente mais pop, mas que nunca – mas nunca mesmo – abre mão de imprimir a identidade tão livre, às vezes quase “desencanada” de Ari.

Ela não esconde seu potencial de ser uma cantora aclamada dentro daquilo que o tal mainstream espera – com um vocal poderoso, capaz de malabarismos –, mas insiste em trabalhar algo mais natural, longe do que é chamado de hit. Das 12 faixas, apenas “Pressure” parece atender essas expectativas naturalmente, ainda que não destoe do restante do álbum. O que marca a audição é o jeito despojado com que ela abre sua intimidade em músicas nunca muito óbvias, mas sempre bastante agradáveis – repito, assim como em Shea Butter Baby.

Vale pensar se os mais ou menos três anos que separam as duas obras fizeram com que Ari Lennox tivesse (ainda) mais confiança na musicalidade que ela começou a desenvolver no álbum de estreia, daí investir em age/sex/location como uma espécie de continuação do que escutamos antes. E isso porque, se existe essa possibilidade, há também certa impressão de uma obra que se esforça para sua sobrevivência, para conseguir se impor em meio a tantas expectativas de público, de mercado ou de onde quer que elas venham.

Quem entendeu o primeiro disco chegará até este com empolgação e terá sua sede saciada. Há sempre o risco, contudo, daqueles que não sacarem que a artista está a serviço de sua expressão pessoal e de sua estética, e enxergarem ali algum potencial não aproveitado. Azar deles.

(age/sex/location em uma faixa: “POF”)

 

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ARTISTA: Ari Lennox

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.