Em seu mais famoso livro, Assim Falou Zaratustra, Nietzsche explora o conceito de super-homem que, resumidamente, pode ser entendido como o homem que procura superar a si mesmo a todo tempo. Contudo, é em outro livro do autor alemão que Chábazz retirou o nome para o novo EP, Umano Demasiado Humano.
Outra semelhança com o filósofo se dá por suas características céticas, que buscam fugir do óbvio e conquistar uma identidade particular. Na quinta faixa, Alter Ego, isso fica nítido: em um beat mais lento sampleado da canção Decode, da banda Paramore, há uma ambientação única que se destoa do que é considerado “clássico” no Rap brasileiro. Essa vontade e coragem de criar algo diferente soa quase como um grito.
Apoiado no Vaporwave e com uma mãozinha Lo-Fi do Hip-Hop dos anos 1990, o disco cria uma proximidade com o ouvinte envolvendo a crise dos meios sociais e a liberdade das razões. Além disso, o rapper de Jundiaí também aposta em uma grande bagagem de referências da cultura oriental e mescla muito bem com a temática do EP. Em Bruxismo e Deus da Calamidade, por exemplo, ele cita Vegeta e Bibidi de Dragon Ball Z, Shinigami (Deus da Morte ou espírito da morte), Noragami (série de mangá), sem deixar de lado os espíritos livres do filósofo: “Falo em liberdade/Eles prendem libertários/Falo em libertários/Eles matam liberdade”. Com o beat criado por niLL (O Adotado), Sabotagem, por sua vez, dá um choque de realidade sobre tempos de atuais com uma mensagem positiva para trilhar seus próprios caminhos, acreditar e viver.
Chábazz conseguiu alcançar Zaratustra e superar a si próprio? Fazer um trabalho tão consciente do contexto atual e ainda não ter medo de usar referências não usuais podem ser consideradas como passos de evoluções. Ouça e conheça o super-Chábazz.
(Umano Demasiado Humano em uma música: Bruxismo)