A música Pop parece em tantas ocasiões muito mais próxima de produzir fenômenos comerciais do que obras artísticas, apostando, infelizmente, na facilidade rasa das fórmulas prontas, de assimilação imediata e altamente rentáveis que, quando nos deparamos com um grupo que consegue apostar na sotifisticação de sua própria música, respiramos aliviados.
É por isso mesmo que fazemos questão de apontar os bons exemplos que sempre brotam dessa categoria. Com Clean Bandit não foi diferente: o grupo, que já deu as caras nas nossas indicações do Ouça, agora chega com seu primeiro álbum completo, intitulado New Eyes.
A roupagem é a mesma dos singles lançados anteriormente: uma base Pop eletrônica animada que se encontra ao lado da Dance Music e do Deep House, temperado com arranjos de cordas de violoncelo e violino, além do piano, que deixam o projeto com um corpo clássico, embora esteja muito distante de suas vertentes mais sisudas da erudição. Os vocais, sempre participações especiais de convidados, longe de deixar a obra incoerente, apenas eleva a qualidade da performance de Clean Bandit.
São vários – e excelentes – os momentos nos quais os elementos se misturam na obra do grupo: a introdução de Rather Be, por exemplo, não poderia ser mais pegajosa. A preparação para refrão de A+E, por sua vez, é quem dá a alma nostálgico-tropical da faixa, deixando evidente uma influência de ritmos africanos que aparecem pontuais em diversos momento do álbum. Além destas, temos Mozart House, que exemplifica em seu próprio título a opção pela conjunção de estilos, ao fazer um trocadilho com o substantivo House, que também se refere à vertente da música Eletrônica da qual fazem parte.
Ao lado de Fryars e St. Lucia (e, talvez, da alma de Yuna) no que diz respeito à música Pop Eletrônica de qualidade, Clean Bandit chega muito bem inserido em um cenário muito promissor do estilo.