Resenhas

Friko – Where We’ve Been, Where We Go From Here

Primeiro disco oficial do duo remaneja referências do indie dos anos 2000 com melodias fortes e letras poéticas

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Ano: 2024
Selo: ATO Records
# Faixas: 9
Estilos: Indie Rock
Duração: 36'
Produção: Scott Tallarida, Jack Henry

Apesar de já fazer parte da fervilhante cena indie de Chicago desde 2019, foi somente nos últimos dois anos que Niko Kapetan e Bailey Minzenberger ganharam alguma notoriedade à frente do projeto Friko. Com o lançamento do elogiado EP Whenever Forever (2022), a dupla chamou a atenção do selo ATO Records, pelo qual finalmente lançaram seu primeiro disco cheio, o ótimo Where We’ve Been, Where We Go From Here.

Esse é um daqueles registros que vão deixar os fãs do indie rock feito no início dos anos 2000 de antenas ligadas, captando diversas referências de bandas que despontavam na época. Há desde o indie mais barroco de Arcade Fire e Bright Eyes, até o rock vigoroso de Built To Spill e Clap Your Hands Say Yeah, passando ainda pelas experimentações que ressoam Broken Social Scene ou Neutral Milk Hotel. Mas, para além do elemento nostálgico, as nove canções têm personalidade, criando, a partir das referências, algo grandioso, catártico e, por vezes, quase teatral.

Com a soma de todos esses elementos, o repertório se desenvolve de forma caoticamente controlada, alternando hinos indies para cantar a plenos pulmões nos shows (como “Get Numb To It!) e músicas tão frágeis que parecem desfazer nos ouvidos, enquanto Kapetan canta seus versos (caso da balada “For Ella”). O registro ainda passeia por momentos de beleza ímpar, seja na explosiva “Chemical” ou na orquestral “Cardinal”, faixa que encerra a obra como se estivéssemos numa catedral do indie entoando louvores.

As letras aqui são profundas e poéticas. Ao trazer a pergunta que dá título ao registro (“Onde estivemos, aonde vamos a partir daqui”), o duo explora temas universais de amor, perda e a busca por significado em um mundo em constante mudança. São versos como “And it doesn’t get better / It just gets twice as bad, because you let it / So you better get numb to it / Get numb to it!” (de “Get Numb To It!”) ou “Ella, Ella you’re a shooting star / A floating ballerina through the yard / Ella we’ll remember who you are / Love for you is always in my heart” (de “For Ella”), que mostram um pouco dessa potência – a segunda, inclusive, foi inspirada por um passeio de Niko a um cemitério em Wisconsin.

É um disco que encanta não só pela produção minuciosa, mas pela força das letras e melodias. Do atmosférico ao explosivo, do sereno ao melancólico, o grupo explora uma miríade de possibilidades em um álbum que, à primeira audição, pode não soar coeso, mas que cresce e se torna cada vez mais certeiro a partir de revisitações.

(Where We’ve Been, Where We Go From Here em uma faixa: “Crimson To Chrome”)

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ARTISTA: Friko

Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts