Ian Ruhala é um jovem artista de Detroit que habita um universo onde espontaneidade parece ser a palavra de ordem. Considerar Spoonfed seu “primeiro trabalho”, após experimentar livremente o exercício da composição e disponibilizar inúmeras faixas em seu Bandcamp; “trabalhar duro” na composição do mesmo e levar apenas um mês para concluir sua gravação; seguir a trilha do não-tão-experiente-assim – mas já icônico – Mac Demarco de forma assumida; louvar o Lo-Fi como verdade absoluta para sua mensagem: tudo em HALA parece tão descompromissado e natural que fica difícil não se cativar em um álbum no qual a refrescância parece transcender a quantidade de reverb impressa na produção.
Apesar de HALA ser jovem o suficiente para compor um álbum sobre sua formação, no qual o título funciona como uma denúncia das coisas que somos obrigados a engolir enquanto crianças, sua pró-atividade em relação ao projeto mostra uma maturidade que leva o Do It Yourself a níveis louváveis de profissionalidade. Além de compor, produzir e gravar seu próprio álbum, o jovem já excursionou pelo Brasil divulgando seu trabalho à convite da Balaclava Records, o mesmo selo responsável pelo lançamento de seu debute.
Spoonfed, embora siga a trilha de Demarco, não se detém à sua maior influência. É possível facilmente catalogar o trabalho ao lado do reverb Lo-Fi de bandas como Beach Fossils, Twin Peaks ou Tripwires, ou da psicodelia açucarada de Connan Mockasin (ouça What is love? Tell me, is it easy?), e inúmeros outros que fazem parte de um dos cenários mais prolíficos do Indie atual. O músico já despontou por aqui na ocasião de seu primeiro EP, Young Alumni. Agora, turvando ainda mais as fronteiras entre o Indie Rock e a Surf Music com seu primeiro álbum completo, Hala é um novato que estreia com jeitão de veterano.
(Spoonfed em uma música: Club Soda)