Resenhas

Harry Styles – Fine Line

Segundo disco solo do cantor reafirma sua posição estrelada na cultura Pop aludindo sempre aos anos 1970

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Ano: 2019
Selo: Columbia / Erskine
# Faixas: 12
Estilos: Pop
Duração: 46'
Produção: Jeff Bhasker, Kid Harpoon, Tyler Johnson, Greg Kurstin, Mitch Rowland, Sammy Witte

Alavancado pelo estrelato que conquistou ainda adolescente como membro da boyband One Direction, Harry Styles agora brilha na posição de entertainer e influencer na sua carreira solo. Só em 2019, o artista esteve diante dos holofotes em inúmeros eventos: foi um dos apresentadores do MET Gala, o garoto propaganda de um perfume da Gucci, o convidado especial do programa Saturday Night Live, entre outros. Fine Line, o segundo álbum do artista, triunfa, mais do que estritamente pela música que apresenta, por mostrar um artista tão seguro de si mesmo fazendo o que faz.

Entre os singles lançados como prévia do álbum estava a faixa “Adore You”. A música, de baixo pulsante e timbres iridescentes, traz uma letra apaixonada e devocional. O seu clipe, por sua vez, mostra Harry Styles como o messias carismático de uma minúscula cidade britânica, onde todos são ranzinzas. Seu melhor amigo é um peixe, que ele resgata em um dia especialmente deprimido, e passar a carregar consigo.

Se tem alguma coisa que Harry Styles parece não demonstrar, é que se sente um peixe fora d’água. Enquanto fazia parte do One Direction, o artista declarou se sentir sob constante pressão: “Eu vivia constantemente com medo de cantar uma nota errada. Eu sentia muito o peso de não poder errar”. Agora, ao contrário, percebe “que os fãs me deram um ambiente para ser eu mesmo, crescer e criar esse espaço seguro para aprender e cometer erros” Este espaço de segurança parece uma excelente maneira de descrever Fine Line, que joga dentro de um ambiente protegido, construindo um Pop Eletrônico carismático e de letras identificáveis.

De acordo com Styles, Fine Line “é sobre fazer sexo e se sentir triste”. Na verdade, as músicas do disco não vão mostrar muito da intimidade do músico. Através delas, conhecemos apenas aquilo que já havíamos visto em qualquer outro evento social: uma figura extrovertida, solar e carismática. A produção, que busca inspiração na música dos anos 1970, cria uma clima favorável para que isso aconteça, armando ambientações que refletem uma recém-descoberta Califórnia por uma personagem hedonista, satisfeita e diletante.

Quando dá entrevistas, o artista cita nomes e dá a entender quais foram as suas influências para a composição de Fine Line: ao defender aventuras fora da zona de conforto, se diz inspirado por “uma entrevista de David Bowie”; ao contar do processo de gravação, diz que “tomava cogumelos, deitava na grama e ouvia Paul McCartney ao amanhecer”; ao citar a dissolução de sua banda anterior, faz uma analogia com o Fleetwood Mac: “só porque eles brigam, não significa que eles não são incríveis”.

No fim, ao ouvir Fine Line fica evidente a tentativa de resgate da aura dos anos 1970, mas o resultado é mais contemporâneo, como se Mark Ronson tivesse produzido uma parceria entre Bruno Mars e Bon Iver, em um álbum energético e que não se preocupa em atentar demasiadamente para uma coisa só. Fine Line é um álbum divertido e diplomático, recheado de referências de bom gosto, mas que se preocupa majoritariamente em reafirmar a importância de Harry Styles enquanto celebridade. 

(Fine Line em uma música: “Adore You”)

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ARTISTA: Harry Styles
MARCADORES: Pop

Autor:

é músico e escreve sobre arte