Você está diante de um bom disco. O que Lemonade fez em Minus Tide está bem alinhado com toda a produção contemporânea e cria um clima bem gostoso para lounges e afins. E o que tem de capricho e escolhas certas aqui peca ao mesmo tempo pela falta de identidade que o projeto californiano apresenta neste seu terceiro álbum.
Não me entenda mal: está tudo no lugar certo – mas sabe aquele papo de algo ser “certinho demais”? É tudo feito pra agradar (pô, valeu!) e consegue atingir esse objetivo. Mas não necessariamente vai te cativar.
As melhores músicas (e são bem boas mesmo) são as que divulgaram espertamente o lançamento, principalmente Come Down Softly (que já nasce com cara de hit nostálgico, daquelas que podem tocar em qualquer FM romântica) e Clearest, a mais empolgante de todas. OST é muito, mas muito simpática, só que fica com aquela cara de algo que você passou a vida inteira ouvindo.
E está aí o maior problema de Minus Tide. Por melhor que ele seja, não dá pra evitar a sensação de que é uma obra de valor diluído, de qualidades que residem não nela mesma, mas nas referências que o ouvinte traz e no contexto em que é lançada – esse infinito revival do que foi feito principalmente nos anos 1990 e que era considerado de gosto duvidoso até não muito tempo atrás.
Sintetizadores bacanas, efeitos na voz e uma ambientação sempre pronta pra tocar em um bar legal ou evento descolado. É claro que você vai curtir, mas não necessariamente colocar o disco pra tocar em casa, no carro ou onde for, muito menos ouvir mais vezes. Tipo de som que você gosta, mas não estará nas prioridades das suas recomendações.