Resenhas

Prince/3rdEyeGirl – PlectrumElectrum

Segundo novo disco de Prince conta com ótimos talentos mas peca pelo excesso de clichês

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Ano: 2014
Selo: Warner Bros.
# Faixas: 12
Estilos: Soul, Funk, R&B
Duração: 44:01
Nota: 2.5
Produção: Prince
Itunes: https://itunes.apple.com/us/album/plectrumelectrum/id911632119?uo=4

PlectrumElectrum faz parte da série de dois discos de Prince que foram lançados concomitantemente, sendo que este conta com a ilustre presença da banda 3rdEyeGirl nos acompanhamentos instrumentais e colaboração na produção. Tanto este registro quanto Art Official Age exploram um mesmo ambiente Funk e extremamente carregado de Soul, entretanto, neste temos uma escolha de se trabalhar com ritmos mais analógicos e menos eletrônicos, como se fosse uma grande sessão de improviso gravada e lançada.

Pois bem, ao mesmo tempo em que esta naturalidade e introsamento entre os músicos auxilia no produto final, às vezes o fato do músico gravar com uma banda que também está tocando põe eles no mesmo patamar, dando menos fluência durante as músicas. Ou seja, o disco acaba ficando sem personalidade e muito constante.

Temos uma sequência de faixas que seguem um padrão parecidíssimo, o de fazer linhas de guitarra e baixo simultâneas e com as mesmas notas. Ainda que seja um método de composição bem interessante, que ainda dá força e suíngue às músicas, usar isto em excesso acaba denotando certa preguiça ou uma vontade de repetir moldes do passado que fizeram sucesso. AINTTURNINROUND tem esta frase potente, mas suas estruturas são típicas de discos Funk/Soul de outrora, fato que põe em cheque a originalidade de um mestre do Pop dos anos 80. Na faixa que dá nome ao disco, temos o mesmo problema somado a solos desnecessários de bateria e de guitarra.

O sucesso e a relevância que o Funk/Soul tem para o cenário musical pode às vezes cegar um compositor, fazendo com que ele mostre temas e mais temas novos de um estilo cujo principal ingrediente é a dosagem e cuidado. Os excessos de PlectrumElectrum não são insuportáveis, mas o ouvinte pode se entendiar em certos momentos com os incontáveis vocais harmonizados, frases repetidas e baterias frenéticas. Entretanto, é inegável o talento dos músicos que Prince selecionou, sendo a faixa WHITECAPS a que mostra sem excessos que ainda estamos tratando de um compositor lendário que tem muitas ideias para mostrar e é melhor do que muita coisa por aí. Outra faixa de destaque é STOPTHISTRAIN que remete a estruturas de R&B Pop do começo dos anos 2000 mostrando uma técnica vocal exímia de sua vocalista.

Temos um disco que entusiastas de Funk/Soul tem tudo para curtir, mas que peca no excesso de clichês, fato que deixa o sentido do disco um pouco nublado para os que não se consideram tão experts no gênero. Não temos um disco ruim, apenas uma experiência que depende muito do background do ouvinte para que ele seja apreciado totalmente. Vale a pena escutá-lo sem sombra de dúvida, mas de um nome como Prince esperávamos um pouco mais de cuidado. Há exemplos e mais exemplos de álbuns que tomaram este cuidado de não cair nestes excessos.

Fãs de Funk irão adorar, os outros precisarão fazer um esforço para aguentar esta sessão de improviso interminável.

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Autor:

Produtor, pesquisador musical e entusiasta de um bom lounge chique