Assim como nos trabalhos anteriores, fugindo do apego Pop, o quarteto paulistano Seychelles chega com seu terceiro álbum, Seychelles 3, trazendo seu Rock‘n’Roll direto e com arranjos redondos. A banda consegue misturar uma cara setentista com o moderno, sempre experimentando sem medo e pisando na pedra certa. O disco traz participações especiais, entre elas a de Edgar Scandurra, que está na faixa Amigo Impulsivo, assumindo microfone e guitarra.
A banda continua trazendo seu rock urbano trabalhando com letras cotidianas, mas também politizadas e com bom humor, sabendo utiliizá-lo para dar aquela cutucada ácida. Podemos ver esse uso em O Assalto e Filho do Papai, essa última brincando com a situação de um rapaz nascido em berços de ouro e paparicado pelos pais que descobre que sua vocação é o Rock, com tal história em meio a frases irônicas sobre como é a vida desses jovens que são lotados de atividades pela família.
Viatura em Chamas é uma das melhores do disco. Sem censura e com falas intensas de Alborghetti, trazendo críticas ferrenhas à situação da política e da mídia nacional, nos dando tapas na cara para acordarmos e enxergarmos todo esse cenário. Tudo isso em meio a um som direto, cru e rasgado. Outra faixa interessante é Fiore del Cuore, onde a banda assume metais e cria uma atmosfera latina, e assim mostra como sabe trabalhar bem diferentes estilos. O álbum é encerrado com Appaloosa, um instrumental que mistura Rock e Eletrônico de uma maneira nada clichê, com batidas bem classudas de um Electro Pop meio psicodélico.
Já com bom tempo de estrada, o Seychelles não tem medo de experimentar. O resultado é um Rock que passeia por caminhos que nos levam pelas faixas que, sempre bem compostas, tanto em arranjos quanto em letras, evitam positivamente os clichês Pop. Música de gente grande.