Felipe Puperi é o nome por trás do projeto Tagua Tagua, que chega a seu segundo disco com o lançamento de Tanto. Sucessor de Inteiro Metade (2020), o registro busca novas inspirações e temáticas para seguir explorando seu usual misto entre pop psicodélico e dream pop, porém agora incorporando toques de R&B e neo soul. O resultado é apaixonante – a paixão é justamente o grande tema que percorre a obra.
“É sobre se apaixonar por se apaixonar” diz o músico gaúcho no release do álbum que busca, de diversas formas, representar as sensações e os sentimentos que se desenrolam quando estamos apaixonados. São 10 canções que expressam nuances disso, como momentos de euforia, nostalgia, de se perder em si mesmo, de descobrir que se está amando e os eventuais desencontros; tudo isso, feito de forma bastante leve.
O registro começa com “Pra Trás”, música que prepara o caminho e ambienta o ouvinte nos timbres, sonoridades e temáticas que vamos ouvir em sequência. A canção ressoa o R&B com sua bateria cadenciada, vocal quase submerso e arranjos de cordas. Na letra, existe quase a urgência de seguir em frente, de se abrir para o novo. Na sequência, a faixa-título consegue resumir bem a obra, com mais groove e belos timbres do piano elétrico, além de versos que misturam o êxtase e a confusão de se apaixonar.
O registro ainda passeia não só por vários estados de espírito, mas também por lugares físicos, como “Barcelona” ou “Starbucks”, que viram cenários para as histórias de Felipe. “Levou as horas / Levou o ar / Deixou histórias nesse lugar Me levou as horas / Levou o ar / Deixou histórias nesse lugar”, diz o músico quando relata sua vivência na cidade espanhola que dá nome à canção – ou ainda “Há um imenso vazio aqui dentro / Já não deixa meu corpo falar / Um desejo guardado no peito / Um impulso que não quer calar”, quando relata um causo vivenciado na tal cafeteria.
Tanto traz composições leves e de um groove quase sempre manso, que conduzem o ouvinte pelas mais diversas sensações que envolvem estar apaixonado. São versos delicados, por vezes de tom agridoce, que desvendam aos poucos uma miríade de sensações em composições que nos fazem flutuar.
(Tanto em uma faixa: “Tanto”)
