Wet é um trio norte-americano, formado por Kelly Zutrau, Martin Sulkow e Joe Valle, todos residentes no Brooklyn, que durante todo o ano de 2013 lançou algumas canções em que mostravam sua proximidade ao R&B pós-The xx e James Blake, algo que pode lembrar também o encontro entre Solange e How To Dress Well. Com tais credenciais, mesmo sem ouvir nenhuma música do grupo, você já deve imaginar os caminhos escolhidos para a musicalidade adotada pelo grupo, não é?
Batidas ásperas e viajantes, vocais trabalhados em diversas camadas, algumas boas linhas de guitarra, diversos timbres de sintetizadores e texturas eletrônicas, sempre explorados em um caminho bem Pop. É assim que se resumem as quatro faixas deste autointitulado EP. Ainda assim, cada uma delas guarda em si grande personalidade e brilho próprio, que fazem desta, uma obra a se prestar atenção.
Desde o comecinho, com Dreams, já dá para notar toda essa mistura. Brincando com a ótima voz de Kelly, batidas típicas do R&B, algumas poucas notas à guitarra feitas em um riff pegajoso e mais algumas texturas eletrônicas dando a ligação entre todos estes elementos, a faixa abre muito bem o pequeno trabalho. A sequência, You’re The Best (antigamente conhecida como U Da Best), foi um dos primeiros singles a serem apresentados e mostra a mesma mistura, porém em uma proporção diferente. Com batidas mais esparsas (quase em slow-motion) e um vocal com mais efeitos, esta se torna uma das faixas mais sexys de todo o EP.
Don’t Wanna Be Your Girl traz muito do Alt-R&B em suas batidas. Algo que flerta com o Lo-Fi e Bedroom Pop, ao mesmo tempo em que se aproxima de um Pop bem dramático e imersivo. No Lie, da mesma forma, brinca com estas novas tendências e ousa ainda mais, como uma espécie de encontro entre Rihanna e St. Vincent, sendo então a faixa mais propicia às rádios.
Ainda assim há alguns deslizes. Se invólucro musical é sedutor e chama atenção por si só, a lírica decepciona um pouco. Refrões como “The time I have wasted/ but I’ve had enough/ you’ve put me on and on and on and on and on/ time to give it up” (de No Lie) deixam o ouvinte esperando um pouco mais, algo menos comum, assim como os ótimos arranjos do trio.
Aproveitando-se da tendência criada pelo lançamento de ótimas obras nos últimos dois anos, o trio segue por um caminho que agora somente se destaca quem tem real talento, o que, felizmente é o seu caso. Ainda assim, falta algo a mais ao grupo para refinar ainda mais sua ótima mistura e realmente se destacar em meio a um gênero tão saturado.