Resenhas

Built to Spill – When the Wind Forgets Your Name

Jogando em casa e no nono disco da carreira, veteranos do rock alternativo criam repertório coeso, descompromissado e com ótimas guitarras

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Ano: 2022
Selo: Independente
# Faixas: 9
Estilos: Rock Alternativo
Duração: 45'
Produção: Doug Martsch

When the Wind Forgets Your Name é um disco que argumenta a favor do status lendário que Built to Spill ostenta dentro de uma espécie de panteão do rock alternativo, principalmente estadunidense, dos anos 1990. Pode ser um nome menos popular do que aqueles de seus companheiros também mitológicos, como Pavement, Yo La Tengo e Superchunk, mas é uma banda de muito respeito por quem sempre consumiu o gênero – não por acaso, o “público alvo” deste que é seu nono álbum.

A dinâmica da guitarra na (excelente) faixa de abertura, “Rocksteady”, esclarece sem delongas qual é o DNA que construiu cada célula presente na obra. Curtinha, ela logo cede espaço a faixas que trabalham a melancolia em outros tons, sem nunca desacelerar muito o ritmo, mas sem também forçar o fôlego de quem bateu neste ano a marca de três décadas na ativa. Não há uma intenção de Doug Martsch e de seus comparsas de alguma espécie de rejuvenescimento em seu som, até porque ele permanece até hoje, apesar da idade dos músicos (ou do público) ligada a alguma ideia de juventude, ou mesmo adolescência.

Por isso é tão natural quanto um pouquinho incômodo uma música, dentro de todas as licenças poéticas, falar sobre geometria e trigonometria (“Rocksteady”). Uma ou outra imaturidade também – seja no desenvolvimento dos versos ou na repetição de palavras (e a sequência “Never Alright” e “Alright” é o melhor exemplo de ambos) – salta à audição e pode até incomodar aqui e ali ao longo do disco.

Mas é fácil perdoar When the Wind Forgets Your Name pela simpatia com que Martsch apresenta suas músicas e dialoga, com a maior fluência possível, com o imaginário que temos do seu habitat natural no rock alternativo. Por isso, apesar de um ou outro desânimo, o disco oferece uma experiência fluida, até mesmo descompromissada, e sabe ser bastante “gente grande” na atitude firme de encerrar o repertório com uma música de mais de oito minutos de duração (“Comes a Day”).

Como antes dito, tudo fortalece a narrativa afetiva que os fãs do gênero têm perante Built to Spill. A quebrada da bateria no intervalo dos riffs em “Understood” é irresistível, a psicodelia com timbre de órgão em “Elements”, com um acompanhamento sincopado, afaga o ouvinte com maestria e o solo de guitarra em “Spiderweb” faz qualquer um lembrar a força desse instrumento. É fácil, no fim das contas, deixar os breves incômodos de lado e constatar que é um grande disco de uma grande banda.

(When the Wind Forgets Your Name em uma faixa: “Spiderweb”)

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Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.